Foi a grande surpresa no onze escalado por Rui Vitória para a receção ao Desp. Aves. Mas cedo o jovem jogador formado na Luz mostrou ao que vinha. Bateu as asas e voou pela ala esquerda das águias, dinamizando o futebol encarnado. Espalhou a sua irreverência pelo relvado, colecionou desarmes e pormenores cheios de classe — e também algumas perdas de bola algo ingénuas, mas até essas pareciam cair no goto dos adeptos, que o aplaudiam a cada passo (e a cada passe).

Introduziu a bola na baliza aos quatro minutos, viu o lance ser-lhe anulado (e bem) por fora de jogo, criou oportunidades, fez um (grande) golo, quase cavou um penálti… ufa, até cansa só de ver. Acabou por ir do céu ao inferno em apenas 53 minutos, quando, ao colocar mal o pé esquerdo no chão se lesionou (Rui Vitória viria a dizer que, em princípio, se trata de uma entorse) e teve de dar lugar a Cervi. Mas quem disse que são precisos 90 minutos para se ser o homem do jogo? João Félix precisou de menos de uma hora (ainda menos do que isso, se formos mais exatos).

Foram esses minutos que esteve em campo, poucos para o que, visivelmente, queria mostrar, que lhe permitiram acumular uma carrada de estatísticas de relevo. Primeiro que tudo, fez o segundo golo em em dois jogos consecutivos no Estádio da Luz — o primeiro tinha sido no dérbi com o Sporting, em que apontou o golo do empate mesmo ao cair do pano escassos minutos depois de ser lançado por Rui Vitória.

Mas há mais. Está no lote dos seis jogadores mais jovens que precisaram de menos jogos para se estrearem a titulares pelo Benfica este século — atrás de Miguel Vítor, Svilar, Ednilson, Urreta e Renato Sanches — ainda está no lote de atletas que, este século, marcaram dois golos nos dois primeiros jogos na Luz e, graças ao golo que apontou ao Sporting, é o sexto jogador mais jovem de sempre a marcar na estreia pelos encarnados.

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No final, fiel a si próprio, Rui Vitória deixou poucas (ou nenhumas) explicações sobre a titularidade do jovem jogador. Mas lá largou alguns elogios, misturados com avisos providenciais — e até paternais. “Tem qualidade, é um menino que está a começar, com um talento grande. Mas isto é alta competição e a melhor ajuda que podemos dar a estes jogadores é mostrar-lhes isso. Fez um jogo, marcou um golo, vai ter que continuar a trabalhar e a conquistar o seu espaço porque o futebol é uma máquina que leva para cima mas de repente também leva para baixo“.