“A nomeação da procuradora-geral da República [PGR] foi uma decisão minha e de mais ninguém. Portanto, o que me está a dizer é que o Presidente Cavaco Silva, no fundo, disse que era a mais estranha decisão do meu mandato”. Foi desta forma que Marcelo Rebelo de Sousa respondeu às afirmações de Cavaco Silva, que, na quarta-feira, considerou a decisão da não recondução de Joana Marques Vidal no cargo de PGR como “talvez a mais estranha tomada no mandato do Governo que geralmente é reconhecido como Geringonça”.

O Presidente da República esclareceu, em declarações aos jornalistas, que “quem nomeia a procuradora são os Presidentes, não os Governos”. E depois rematou com uma crítica indireta a Cavaco Silva, sugerindo que falta sentido de Estado ao anterior Presidente: “Entendo que, desde que tenho estas funções, não devo comentar nem ex-Presidentes, nem amanhã quando deixar de o ser, futuros Presidentes. Por uma questão de cortesia e de sentido de Estado”

Cavaco Silva falou na quarta-feira à margem de um congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, referindo que a não recondução de Joana Marques Vidal era “estranhíssima, tendo em atenção a forma competente como exerceu as suas funções e o seu contributo decisivo para a credibilização do Ministério Público”.

Cavaco Silva: “Não recondução de Joana Marques Vidal é talvez a mais estranha decisão da Geringonça”

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Joana Marques Vidal, recorde-se, termina o mandato de seis anos como procuradora-geral da República no dia 12 de outubro, sendo substituída por Lucília Gago. A continuação (ou não) do seu mandato foi um assunto que chegou a criar uma divisão entre os principais partidos políticos.

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