Cinco recrutas que realizaram na semana passada o “exercício psico-físico” do curso dos Comandos foram internados em hospital militar por “precaução”, tendo três deles recebido alta este domingo, disse à Lusa a porta-voz do Exército.

Segundo adiantou Elisabete Silva, dois recrutas permanecem internados no Hospital das Forças Armadas, em Lisboa, por mera precaução e em observação, devido ao esforço dispendido no “exercíco psico-físico”, que veio substituir a chamada ‘”Prova Zero”.

Os cinco recrutas — os dois que ainda estão hospitalizados e os três que já tiveram alta — vão continuar no curso de Comandos, acrescentou a porta-voz do Exército. Ainda segundo Elisabete Silva, o curso de Comandos conta atualmente com 37 recrutas, havendo a registar 22 desistências: sete na fase de estágio e 15 já no decorrer do curso. O agora designado “exercíco psico-físico” do curso dos Comandos realizou-se na Figueira da Foz, tendo a informação sobre os recrutas hospitalizados sido avançada pelo jornal Público.

A forma como o curso de Comandos decorre em Portugal tem sido alvo de uma atenção particular desde que, em 2016, ocorreram as mortes de dois recrutas. Dylan da Silva e Hugo Abreu, à data dos factos ambos com 20 anos, morreram e outros instruendos sofreram lesões graves e tiveram de ser internados durante a denominada ‘prova zero’ (primeira prova do curso de Comandos) do 127.º curso de Comandos, que decorreu na região de Alcochete, distrito de Setúbal, em 04 de setembro de 2016.

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Em junho de 2017, o MP deduziu acusação contra 19 militares, considerando que os mesmos atuaram com “manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocaram” nos ofendidos, encontrando-se o processo atualmente em fase de julgamento.

Os arguidos são ainda acusados de cometerem várias agressões contra os recrutas, nomeadamente o facto de obrigarem os formandos a “rastejarem nas silvas” ou de privarem/racionarem a água aos instruendos, apesar das condições extremas de temperaturas elevadas.

Os oito oficiais, oito sargentos e três praças, todos militares do Exército do Regimento de Comandos, a maioria instrutores, estão acusados de abuso de autoridade por ofensa à integridade física.