O presidente norte-americano aproveitou um comício na noite de terça-feira no estado de Mississipi (menos seis horas que em Portugal) para se pronunciar sobre o testemunho de Christine Blasey Ford — a mulher que diz ter sido atacada sexualmente pelo juiz Brett Kavanaugh e a primeira a dar a cara por uma série de denúncias que se seguira. Em defesa do homem que escolheu para o Supremo Tribunal, e que ainda aguarda confirmação do Senado, Donald Trump repetiu num tom jocoso algumas das declarações da alegada vítima, insinuando que estaria a mentir. “Isto são pessoas maldosas que destroem a vida dos outros”, concluiu.
Donald Trump começou por falar em “violações coletivas”. E quando usou o termo conseguiu logo reações do público que o ouvia. “Isso é falso. Tantas acusações diferentes”, disse. À medida que ia discursando, ia sendo cada vez mais aplaudido. “O que está acontecer é que se é culpado até haver provas de que se é inocente e isso é muito perigoso para o nosso país”, para depois passar a reproduzir parte das declarações de Christine Blasey Ford no Comité Judicial do Senado.
“Isto aconteceu há 36 anos”… “Eu tomei uma cerveja, ok? Uma cerveja”, repetiu em tom mais alto. “Como chegou a casa? ‘Não me lembro’, Onde é o sitio? ‘Não me lembro’. Há quantos anos? ‘Não sei, não sei, não sei, mas tomei uma cerveja, é a única coisa que me lembro’”, reproduziu Trump, troçando do testemunho de Ford, psicóloga e professora na Universidade de Palo Alto.
Depois lembrou que o juiz que escolheu para a frente do Supremo Tribunal tem uma mulher, duas filhas e que está arrasado. “Isto não devia estar a acontecer com ele”, prosseguiu Trump, para depois declarar que ele próprio, sim, já está habituado. “Faz parte do cargo que ocupo”, revelou o presidente que também que também já foi alvo de acusações de abuso e assédio sexual por, pelo menos, 20 mulheres, como recorda o The Guardian.