Depois dos dedos, a mão. Depois da confusão, mais confusão. E se José Mourinho já não era propriamente uma figura muito querida para os adeptos da Juventus, pior ficou com uma reação que acabou por marcar os instantes seguintes ao apito final que deu o triunfo ao Manchester United em Turim, com uma inesperada reviravolta em menos de cinco minutos.

O gesto de Mourinho que incendiou os ânimos após a vitória do Manchester United (ISABELLA BONOTTO/AFP/Getty Images)

Para se perceber melhor o filme, temos de recuar ao primeiro encontro entre os dois conjuntos, em Old Trafford. Dybala apontou o único golo do encontro, a Vecchia Signora venceu de forma justa e os adeptos terão levado um pouco mais além a sua alegria. José Mourinho, que passou dois anos pela Serie A ao serviço do Inter, sentiu-se provocado e levantou três dedos bem alto nos descontos, tal como já tinha acontecido em Stamford Bridge frente ao Chelsea mas por diferentes razões.

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Enquanto que, no terreno da antiga equipa, o objetivo do treinador português era recordar o número de Campeonatos que tinha ganho pelos blues (o primeiro a quebrar um longo jejum de 50 anos sem triunfos na Premier League, em 2005), no caso do conjunto transalpino estava ligado aos troféus conquistados pelo Inter na temporada de 2009/10, a última antes de rumar ao Real Madrid: venceu o Campeonato, a Taça de Itália e a Liga dos Campeões, numa final contra o Bayern.

“Reagi daquela maneira no final do jogo porque os adeptos da Juve não se comportaram de forma apropriada. Tenho uma boa relação com o clube e com Allegri, somos bons amigos. Não tenho más recordações do tempo que passei em Itália”, recordou na antevisão do encontro desta quarta-feira, onde destacava também a importância de não deixar o campeão transalpino marcar primeiro: “Se isso acontecer será muito complicado escalar depois a montanha”. Mais ou menos difícil, de forma mais ou menos improvável, a reviravolta aconteceu mesmo com um livre direto de Mata e um autogolo de Alex Sandro.

Ashley Young segurou Bonucci mas Betancur e Dybala ainda foram “falar” com Mourinho (MARCO BERTORELLO/AFP/Getty Images)

No final, em pleno relvado do Juventus Stadium, um gesto de Mourinho, a colocar a mão no ouvido, acabou por incendiar os ânimos. Bonucci foi o primeiro a abordar o português, com Ashley Young a afastar depois o central italiano quando a coisa já aquecia. A seguir, Dybala também se aproximou com algumas “bocas” e Betancur lançou ainda palavras para o treinador. Tudo enquanto regressava ao túnel de acesso aos balneários, sempre com a mão no ouvido.

“Não ofendi ninguém no final, fiz apenas um gesto porque queria ouvir ainda mais alto. Provavelmente não devia ter feito e de cabeça fria não teria acontecido, mas a minha família foi insultada, incluindo a minha família do Inter, e reagi a isso. Como treinador do Manchester United, tenho de esquecer os meus antigos clubes, os adeptos da Juventus é que não esqueceram. Eu vim cá como profissional”, disse Mourinho na primeira reação após o apito final em Turim. “Jogámos de forma fantástica. Não podíamos ter sido melhores. Viemos cá para jogar como equipa diante um conjunto que tem imenso potencial a todos os níveis. Conseguimos vencer porque jogámos muito, muito bem”, acrescentou sobre o triunfo.

Paulo Scholes, antiga glória do clube, foi dos primeiros a comentar o sucedido – e a criticar mais uma vez o português. “Isto é assim em todos os lados onde vai, é preciso ganhar com um bocado de classe. Cumprimenta-se o treinador adversário, anda-se em frente, aplaude-se os adeptos. Não acho que exista necessidade disto mas ele é mesmo assim”, disse na BT Sport.