De repente, passaram-se 30 anos. Em 1988, a internet ainda não existia tal como a conhecemos e nem tinha sido criado o sistema de navegação www (world wide web). Mas muitos países já começavam a gerir os seus próprios domínios, isto é, os endereços que localizam servidores informáticos na internet e permitem aceder facilmente a conteúdos. A 30 de junho de 1988, a gestão do domínio .pt foi delegada na Fundação para a Computação Científica Nacional, e a partir de 2013 transitou para uma entidade privada sem fins lucrativos, a Associação DNS.pt, que agora se prepara para assinalar as três décadas do .pt com a conferência A Internet é um Lugar Estranho.

Uma conferência aberta a todos

O evento é de entrada livre e decorre na manhã de 29 de novembro no Auditório Jerónimo Martins da Nova School of Business and Economics (SBE), em Carcavelos. Consiste em três debates de 45 minutos, com moderação de Rui Unas e a participação de nomes bem conhecidos do grande público. Pedro Boucherie Mendes, um mero utilizador das redes sociais, irá debater com Ana Garcia Martins, autora do famoso blogue A Pipoca Mais Doce. A chef de cozinha Justa Nobre fará par com Maria João Clavel, blogger de culinária. E Nuno Markl estará frente-a-frente com Mafalda Sampaio, do blogue e revista A Maria Vaidosa. Uns são do tempo em que a internet era uma miragem, outros são nativos digitais e não imaginam o que seria um mundo sem ligação permanente à rede.

Luisa Gueifão, Presidente do Conselho Diretivo da Associação DNS.pt

Numa época em que a web é utilizada para difundir notícias falsas e ideias extremistas, a conferência pretende dar destaque aos aspetos positivos. “A internet pode ser muito importante para o desenvolvimento do mundo, em termos económicos, humanistas e ambientais”, defende Luísa Gueifão, Presidente do Conselho Diretivo da Associação DNS.pt. “Num ambiente académico virado para o futuro, como é a Nova SBE, convidamos o público a pensar connosco a utilização da internet, através de debates que fazem a ponte entre quem passou a utilizar a rede nos últimos anos e os que sempre lá estiveram por terem nascido na era da internet”, adianta.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Domínio ‘.pt’ é marca de portugalidade

Segundo Luísa Gueifão, nos últimos 30 anos registaram-se um milhão e 100 mil domínios .pt, dos quais 80 mil só neste ano. Isto significa que Portugal está entre os cinco países europeus com maior crescimento do respetivo domínio territorial (ou ccTLD, Country Code Top Level Domain). “Nos primeiros quatro meses de 2018, tivemos um crescimento de cerca de 12% face ao mesmo período de 2017, muito acima da média europeia, que ronda os 4%”, adianta a mesma responsável.

Vários fatores ajudam a explicar esta tendência. Por um lado, a aceleração da atividade económica tem vindo a impulsionar a criação de empresas que querem ter presença na internet ou de negócios criados de raiz para o ambiente digital; por outro, a Associação DNS.pt tem feito um trabalho de “passagem de conhecimento para as empresas, no sentido de optarem pelo domínio .pt”, explica Luísa Gueifão.

“As empresas estão cada vez mais conscientes de que o .pt é um domínio mais fiável e representa Portugal. Quem quer afirmar a portugalidade no mundo digital, opta cada vez mais por este domínio. Além disso, a crescente preocupação das empresas e dos consumidores com a segurança na navegação e nas compras online leva a que o .pt seja a opção mais confiável.”

A Associação DNS.pt

Com sede em Lisboa, a Associação DNS.pt segue um modelo participativo de organização interna, tendo como sócios-fundadores representantes do Estado, dos consumidores e das empresas da economia digital, através da FCT, I.P. – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, da DECO – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor e ACEPI – Associação da Economia Digital.

As receitas geradas pelo registo de domínios .pt têm sido investidas pela associação em iniciativas de desenvolvimento de competências digitais, o que tem feito chegar a internet a pessoas e grupos excluídos. “Também temos apoiado projetos de inclusão de mulheres no mundo digital, porque, tradicionalmente, as profissões tecnológicas têm sido mais procuradas por homens”, exemplifica Luísa Gueifão. A conferência A Internet é um Lugar Estranho é mais um desses passos com vista à democratização do acesso.