Várias organizações da sociedade civil consideraram esta terça-feira simbólico e um passo em frente para a construção de um diálogo nacional o encontro com o Presidente angolano, João Lourenço.

Falando à imprensa, vários dirigentes e líderes de organizações não-governamentais e da sociedade civil destacaram a importância do encontro em que lhes foi permitido manifestar “todas as preocupações de forma frontal e sem quaisquer receios”.

De acordo com o DN, o presidente da República de Angola, João Lourenço, vai receber o jornalista Rafael Marques esta quarta-feira às 09.00, antes do conselho de ministros. Este ativista era um dos líderes e representantes da sociedade civil angolana e estava previsto participar num encontro convocado por João Lourenço, com o objetivo de se analisarem “questões da atualidade”.

O ativista foi visto pela Lusa à entrada do Palácio Presidencial e, passado o primeiro portão de segurança, foi encaminhado, junto com os cerca de uma dezena de organizações não-governamentais e da sociedade civil para a sala de espera contígua à da reunião com João Lourenço.

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Segundo escreveu também no MakaAngola – a Lusa tentou contactá-lo, mas não obteve resposta -, acabou por ser barrado à entrada para a sala de reuniões, sem que os restantes convidados notassem e sob o argumento de que o seu nome não estava na lista de presentes.

Sem meios para contactar fosse quem fosse – o telemóvel ficara no primeiro controlo de segurança, prática comum no Palácio Presidencial e em algumas outras entidades do Estado e do partido Movimento Popular de Independência de Angola (MPLA) -, Rafael Marques disse ter abandonado o local, seguindo para a sua residência.

Por seu lado, o ativista Luaty Beirão optou por, no final de uma hora e meia de reunião, não falar aos jornalistas, mantendo a promessa de só falar depois de terminado o prazo, a 26 deste mês, para o repatriamento de capitais por parte de altas figuras angolanas, exigido pelo Governo angolano.

Entre os ativistas que falaram aos jornalistas, José Patrocínio, líder da Associação religiosa Omunga, Alexandra Semeão, da Associação Handeca, e Maria Lúcia Silveira, da Associação justiça, Paz e Desenvolvimento, destacaram também “a franqueza e respeito manifestado por João Lourenço”, salientando o facto de este tipo de encontro ser inédito em Angola.