As Nações Unidas (ONU) declararam esta sexta-feira de forma unânime que não aceitam outro adiamento das eleições legislativas na Guiné-Bissau, marcadas para 10 de março, lamentando os consecutivos atrasos do processo eleitoral.

O Conselho de Segurança da ONU discutiu esta sexta-feira, em Nova Iorque, a situação na Guiné-Bissau, um dia depois do anúncio do Presidente do país da data de 10 de março para as eleições, acolhida pela comunidade internacional como a última data aceitável para as promessas de renovação do governo.

O órgão da ONU, constituído por 15 Estados-membros, expressou as crescentes expectativas internacionais de reformas políticas indispensáveis para a estabilidade de Bissau, frustradas pelo cancelamento das eleições a 18 de novembro e pela ultrapassagem da data recomendada pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de eleições até final de janeiro de 2019.

O secretário-geral adjunto da ONU para assuntos políticos, Tayé-Brook Zerihoun, e o presidente da Configuração para Guiné-Bissau na Comissão de Consolidação da Paz, o brasileiro Mauro Vieira, afirmaram que não será justificável mais algum atraso, já que o país conseguiu o registo de 95% dos eleitores este mês e recebeu fundos e ‘kits’ da comunidade internacional para a realização das eleições, para as quais contribuíram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Portugal, além de outras instituições internacionais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mauro Vieira referiu que cerca de 8,6 milhões de euros foram reunidos num fundo internacional para as eleições guineenses, entre os quais um milhão de euros vindos de Portugal e 412 mil euros de Timor-Leste.

Quanto ao relatório do secretário-geral que recomenda a dissolução da missão da ONU para consolidação da paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), no espaço de dois anos, divulgado este mês, os Estados-membros disseram que a reconfiguração da missão precisará de novas prioridades, coordenadas com a fase de transição para a nova constituição governativa do país.

“A experiência mostra que, na ausência de uma reforma nacional, a UNIOGBIS por si só não contribui para uma paz e desenvolvimento sustentáveis do país”, declarou o secretário-geral adjunto para assuntos políticos.

A implementação integral do Acordo de Conacri, que visa o fim do impasse político e realização de eleições livres e justas, continua a ser imperativa aos olhos da ONU.

O presidente da Configuração para Guiné-Bissau na Comissão de Consolidação da Paz, Mauro Vieira, disse ainda ter tido conhecimento, em conversas informais com responsáveis do Fundo Monetário Internacional (FMI), que a contribuição do país nas conversações com esta instituição internacional é insatisfatória e insuficiente, razão pela qual ainda não foi concluído um acordo entre as duas partes.

O Banco Mundial também expressou a Mauro Vieira preocupação pelo desempenho económico negativo de Guiné-Bissau, devido a eventos recentes como greves nacionais, especialmente no setor da educação, no qual o Estado está com uma dívida acumulada de 7,8 milhões de dólares para o pagamento de 18 meses de salários aos professores.