O Manchester City de Pep Guardiola habituou os adeptos de futebol a números impressionantes nos últimos anos. Seja pela eficácia ofensiva, pela solidez defensiva ou pela forma exímia como aplica um tiki taka nascido e criado em Barcelona, mas aprimorado em Munique e em Manchester. Mas os números que o City de Guardiola apresentava esta segunda-feira, à entrada para a receção ao Wolverhampton de Nuno Espírito Santo, estavam perto do extraordinário: em dois jogos, nos últimos dois jogos, os citizens marcaram 16 golos em não sofreram nenhum. Frente ao Roterham e ao Burton, em encontros a contar para eliminatórias da Taça de Inglaterra e da Taça da Liga, o City encontrou a forma perfeita de aproveitar o ímpeto conquistado na vitória frente ao líder Liverpool que, além de ter encurtado a distância para o primeiro lugar, pôs fim a uma fase menos boa que incluiu derrotas com o Leicester e o Crystal Palace.

Do outro lado, um motivado Wolves que eliminou o Liverpool da Taça de Inglaterra na passada segunda-feira e pretendia, no espaço de uma semana, vencer os dois grandes candidatos ao título. Nuno Espírito Santo lançava Diogo Jota e Raúl Jiménez na frente, apoiados na retaguarda pela habitual linha de cinco que integra João Moutinho e Rúben Neves. Já Guardiola optava por colocar Leroy Sané e Gabriel Jesus na frente de ataque, em conjunto com Raheem Sterling e em detrimento de Riyad Mahrez e Sergio Aguero, que começaram o jogo no banco. Banco esse que, aliás, demonstra que o poder e o poderio do Manchester City está longe de estar apenas dentro das quatro linhas: o treinador catalão tinha sentados no banco Mahrez, Aguero, De Bruyne e Gundogan — e estas são apenas as soluções ofensivas.

O City arrancou o jogo como arranca sempre, com vontade de marcar golos e resolver cedo encontros que se podem complicar sem necessidade. Na primeira ocasião de golo digna desse nome, Laporte lançou Sané com um passe magistral e o extremo alemão descobriu Gabriel Jesus na grande área, que ao inaugurar o marcador alcançou um feito assinalável: nos últimos oito jogos que cumpriu no Etihad, o avançado brasileiro marcou onze golos. Nuno Espírito Santo começou a perder logo aos dez minutos e viu a missão do Wolves complicar-se ainda mais logo nove minutos depois, quando o ex-FC Porto Boly carregou Bernardo Silva em falta e viu cartão vermelho direto — os foxes não tinham um jogador expulso desde abril de 2012, há quase sete anos.

Ainda antes da ida para o intervalo, numa primeira parte totalmente dominada pelo Manchester City, Sterling sofreu grande penalidade e Gabriel Jesus bisou e avolumou a vantagem. Nuno Espírito Santo tem adquirido notoriedade na Premier League pelas remontadas que tem orquestrado a partir do banco, com recurso a substituições inteligentes e alterações táticas que apanham os adversários de surpresa e soltam Rúben Neves para zonas de construção que se tornam quase indefensáveis. Desta vez, porém, o treinador português encontrou um opositor à altura, taticamente evoluído e com um banco de luxo ao qual recorrer. Guardiola tirou Silva, Sané e Jesus; e lançou De Bruyne, Gundogan e Aguero.

Segundos depois da entrada do avançado argentino, que substituiu Gabriel Jesus — que mereceu uma reação entusiasmada por parte de Guardiola –, De Bruyne recebeu um canto curto a partir da esquerda e cruzou com vista ao segundo poste, mas a bola desviou em Coady e traiu Rui Patrício. O Wolves foi ao Etihad tentar vencer como vence sempre, através da tática, do método e do critério, mas deixou Manchester derrotado pelo próprio veneno.

Com esta vitória, o Manchester City não deixa o Liverpool fugir na liderança da Premier League e mantém os quatro pontos de diferença para o primeiro lugar (aproveitando ainda para se distanciar do Tottenham, no terceiro lugar, que este domingo perdeu com o Manchester United). Já o Wolverhampton permanece no 11.º lugar com 29 pontos, menos um do que o Everton de Marco Silva e apenas menos três do que o Watford, na sétima posição.

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