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O banho de realidade foi de água gelada (a crónica do V. Setúbal-Sporting)

Este artigo tem mais de 5 anos

Na ressaca da conquista da Taça da Liga, o Sporting voltou à realidade e não foi além de um empate no Bonfim. Ristovski foi expulso, Dost voltou aos golos e os leões podem ficar a dez pontos do líder.

O Sporting ainda empatou mas não conseguiu evitar o empate no Bonfim
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O Sporting ainda empatou mas não conseguiu evitar o empate no Bonfim

MIGUEL A. LOPES/LUSA

O Sporting ainda empatou mas não conseguiu evitar o empate no Bonfim

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Quis o destino e o calendário que as duas equipas que, na passada semana, ficaram sem treinador, o Boavista e o V. Setúbal, defrontassem nesta jornada dois dos três grandes do futebol português. Se, esta terça-feira, o Benfica recebeu e goleou os axadrezados, que se apresentaram ainda sem Lito Vidigal, esta quarta-feira foi a vez do Sporting ir ao Bonfim visitar os sadinos que já não têm Vidigal e ainda só tiveram Sandro, até aqui diretor desportivo, no comando técnico da equipa. Se o V. Setúbal está em convulsão interna, os leões chegavam a esta jornada na ressaca da conquista da Taça da Liga, no passado sábado, e voltavam à realidade que é estar no quarto lugar do Campeonato a oito pontos da liderança.

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Ficha de jogo

V. Setúbal-Sporting, 1-1

19.ª jornada da Primeira Liga NOS

Estádio do Bonfim, em Setúbal

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

V. Setúbal: Cristiano, Mano, Vasco Fernandes, Dankler, André Sousa, Mikel, Rúben Micael (Berto, 64′), Nuno Valente, Cádiz, Mendy, Zequinha (André Pedrosa, 67′, Cortez, 74′)

Suplentes não utilizados: Milton Raphael, Baba, Valdo, Sávio

Treinador: Sandro

Sporting: Renan Ribeiro, Ristovski, Coates, Petrovic (Luiz Phellype, 75′), Jefferson, Bruno Fernandes, Doumbia (Bruno Gaspar, 63′), Wendel, Raphinha (Nani, 63′), Bas Dost, Diaby

Suplentes não utilizados: Salin, Abdu Conté, Jovane, Miguel Luís

Treinador: Marcel Keizer

Golos: Cádiz (23′), Bas Dost (80′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Petrovic (9′), Mikel (27′), Raphinha (30′), Jefferson (45+2′), Rúben Micael (50′), Bruno Fernandes (50′), Cristiano (60′), Coates (86′), Luiz Phellype (89′), Nuno Valente (90+5′), cartão vermelho direto a Ristovski (54′)

Marcel Keizer, que nos últimos dias voltou a viajar até à Holanda para tratar de assuntos pessoais e foi substituído, na maioria dos treinos e na conferência de imprensa de antevisão, pelo adjunto Rodolfo Correia, não tinha Mathieu, lesionado, não tinha Gudelj, castigado, e não tinha Acuña, num misto entre gestão de esforço e a proximidade de uma quase certa saída para o Zenit. André Pinto, que, tal como Petrovic, foi operado ao nariz no dia seguinte à final com o FC Porto, terá ficado em piores condições do que o sérvio e, apesar de ter integrado a convocatória, acabou por assistir à partida da bancada. Assim sendo, Petrovic foi central adaptado ao lado de Coates, Keizer fez Nani descansar e lançou Diaby no onze e estreou ainda o reforço Idrissa Doumbia, que assumiu a posição de Gudelj no meio-campo. Lá à frente, apesar das notícias que davam conta de que seria suplente, Bas Dost foi titular.

O Sporting entrava no relvado do Bonfim pressionado pelas vitórias do Benfica e do Sp. Braga e sabia que só a vitória permitiria continuar ativamente na luta pelos lugares que dão acesso à Liga dos Campeões. A primeira oportunidade, contudo, caiu para o outro lado: Cádiz, que jogou na frente de ataque apoiado por Mendy de um lado e Zequinha do outro, surgiu logo ao segundo minuto de jogo a rematar rasteiro para defesa fácil de Renan. O aviso, porém, estava feito. A fragilidade de Petrovic era evidente, Jefferson está longe de ser Acuña e a velocidade do avançado venezuelano deixava a milhas o bem mais lento Sebastián Coates. Depois de cinco a seis minutos em que os sadinos tiveram mais bola e jogaram quase sempre à entrada do meio-campo dos leões, o Sporting pegou no jogo e podia ter marcado em duas ocasiões quase consecutivas — ambas depois de cabeceamento de Dost, ambas depois de cruzamento de Jefferson.

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Aos nove minutos, o acontecimento que explica — em parte, sublinhe-se — o golo que o V. Setúbal acabaria por marcar cerca de dez minutos depois: Petrovic não teve pernas para acompanhar Mendy, numa imagem que se repetiu vezes sem conta ao longo da primeira parte com os três homens da frente do V. Setúbal, fez falta e viu cartão amarelo. A partir deste momento, se já era evidente que o sérvio não se sente à vontade na posição de central, Petrovic ficou totalmente limitado e preso ao receio de ver o segundo amarelo.

À passagem do minuto 23, depois de um lance de ataque do Sporting, Rúben Micael tirou da manga um grande passe longo e descobriu Cádiz em velocidade no corredor esquerdo. O avançado venezuelano progrediu sem oposição, tirou Petrovic do caminho já dentro da grande área e rematou cruzado sem grande hipótese para Renan. A abordagem que o médio adaptado a central teve ao lance, além de demasiado inocente, foi claramente influenciada pela possibilidade do segundo amarelo e da grande penalidade. O sérvio, que apesar de lento e pouco reativo se mostrou competente na maioria dos lances que disputou na primeira parte, acabou por estar negativamente ligado ao primeiro golo da partida e foi pouco eficiente na cobertura a Cádiz — que com três remates à baliza tinha um golo e o estatuto óbvio de melhor jogador em campo até àquela altura.

[Carregue nas imagens para ver as melhores imagens do V. Setúbal-Sporting:]

Depois do golo, o Sporting lançou-se para o ataque e Bruno Fernandes assumiu a posição mais fluida que normalmente cria desequilíbrios nas equipas adversárias e lhe permite surgir nas alas ou em terrenos mais interiores. Diaby viu, leu e estudou as exibições de Nani na final four da Taça da Liga e tentou aparecer mais perto da área e mais próximo de Dost, enquanto que Doumbia realizava uma boa estreia e era um ótimo pêndulo logo a seguir à defesa. As transições defesa-ataque e a primeira linha de pressão fortalecida do Sporting empurraram o V. Setúbal para o próprio meio-campo e criaram oportunidades para Raphinha (24′) e novamente para Dost (29′), ambas desperdiçadas. Ainda assim, os sadinos — sempre sob a batuta de Cádiz, claramente inspirado — eram bem mais perigosos do que os leões quando saíam para o ataque e podiam mesmo ter aumentado a vantagem já no primeiro minuto de tempo extra dado por Hélder Malheiro, quando o venezuelano surgiu ao segundo poste a tentar servir Mendy na pequena área e Petrovic cortou o lance. Na ida para o balneário, o Sporting estava a perder, tinha menos remates enquadrados do que o adversário e voltava a não estar em vantagem na ida para o intervalo, algo que só aconteceu uma vez nos últimos oito jogos. Pontos positivos, só mesmo a estreia de Doumbia: o costa-marfinense liderava em passes certos (33), eficácia de passe (94%) e recuperações de bola (oito).

No intervalo, Marcel Keizer colocou Miguel Luís e Nani a aquecer e os dois jogadores pareciam ser as prioridades do treinador holandês para saltar do banco e dar uma nova energia aos leões. O Sporting até entrou melhor do que o V. Setúbal, com três situações de perigo criadas por Bruno Fernandes, mas além de não ter conseguido concretizar ainda ficou com menos um elemento em campo. No seguimento de uma bola disputada com Mendy, Ristovski ficou a queixar-se de uma cotovelada e reclamou com o árbitro Hélder Malheiro. O árbitro da partida acabou por mostrar cartão vermelho direto ao lateral direito, provavelmente pelas palavras que este lhe dirigiu, e expulsou o jogador — Ristovski não quis abandonar o relvado, teve de ser conduzido por Bas Dost e deixou o Bonfim em lágrimas. De forma imediata, Keizer nada fez: Petrovic descaiu para a direita, Coates recuou para quase líbero, Doumbia desceu para apoiar o uruguaio e Wendel tombou para o corredor para tentar colmatar os espaços vazios deixados por Ristovski.

Minutos depois, o treinador holandês colocou Nani no lugar de Raphinha — numa decisão surpreendente, já que o brasileiro esteve sempre com melhor rendimento do que Diaby — e fez entrar Bruno Gaspar para tirar Doumbia. Petrovic voltou ao eixo da defesa mas por pouco tempo, já que Marcel Keizer decidiu arriscar tudo e lançar Luiz Phellype, em detrimento do sérvio, deixando Coates novamente sozinho no centro da defesa. Do outro lado, Sandro ainda mostrou vontade de procurar o segundo golo com a entrada de Berto mas arrependeu-se nos minutos seguintes e fez entrar André Pedrosa (ainda que o médio se tenha lesionado apenas dez minutos depois e tenha saído para a entrada de Cortez). Numa segunda parte com muito coração mas pouca cabeça e com o V. Setúbal completamente recuado no próprio meio-campo, o Sporting não conseguia chegar com perigo à baliza de Cristiano e realizava uma exibição muito abaixo dos níveis desejados. Depois das substituições, o jogo partiu e os blocos alongaram-se, o que dava espaço para contra-ataques dos sadinos e para a velocidade de Nani, Wendel e Diaby, que além de Dost tinham agora Luiz Phellype para servir.

A quebra física dos jogadores do V. Setúbal permitiu ao Sporting tombar o jogo para a baliza adversária, sem nunca ser asfixiante, e equilibrar a partida, mesmo tendo um jogador a menos. Mas é nestas alturas, quando o Sporting não está a jogar bem, quando é preciso um quase milagre, quando os leões até têm menos um elemento, que um avançado holandês com a alcunha de um super-herói decide aparecer. Bas Dost, que marcou de grande penalidade na final da Taça da Liga contra o FC Porto mas não marcava para o Campeonato desde o jogo com o Nacional, a 16 de dezembro, resolveu de calcanhar um lance confuso que começou com um lançamento de linha lateral e relançou um jogo que parecia decidido com a expulsão de Ristovski. Com as substituições esgotadas e pouca margem de manobra dentro das quatro linhas para poder mudar estratégias de forma substancial, Keizer limitou-se a dar indicações e a assistir aos dez minutos de jogo que ainda restavam quando o holandês empatou.

Com o jogo totalmente partido e sem grande discernimento, o V. Setúbal foi conseguindo manter a baliza inviolável. Hélder Malheiro deu sete minutos de tempo extra, face ao tempo perdido com a expulsão de Ristovski e com a lesão de André Pedrosa, mas o Sporting nada mais conseguiu fazer do que ameaçar com remates de Bruno Fernandes e Wendel (mesmo com Coates a jogar a ponta de lança nos últimos instantes). Os sadinos voltaram a não vencer mas conquistaram um valioso ponto na receção a um dos três grandes — mesmo sem treinador. Os leões perderam novamente pontos e ficam agora a quatro pontos do Sp. Braga, cinco do Benfica e a possivelmente dez do líder FC Porto (em caso de vitória dos dragões frente ao Belenenses SAD). Num jogo onde o infortúnio andou de mãos dadas com o desperdício, o Sporting tinha obrigação de fazer mais e esteve abaixo do sofrível na antecâmara da receção ao Benfica, no próximo domingo. Depois da conquista da Taça da Liga, os leões tomaram um banho de realidade. E foi de água gelada.

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