Em 2008, morreu um estudante belga de 20 anos que comeu um prato de esparguete que estava há 5 dias conservado à temperatura ambiente. Por falta de higiene, o jovem acabou por contrair a bactéria Bacillus cereus e morrer dez horas depois.

Agora, 11 anos depois, o caso está a ser muito comentado nas redes sociais. Tudo começou quando, há duas semanas, foi publicado no YouTube um vídeo que volta a contar o caso, mas com um tom sensacionalista. Tornou-se viral: já soma mais de 3 milhões de visualizações e voltou a acender a controvérsia. É que num programa informativo do canal espanhol La Sexta, foi apresentada uma reportagem na qual aparecem alguns nutricionistas a afirmar que os hidratos de carbono ”servem de cultivo para as bactéricas” e fazem com que ”se desenvolvam com mais facilidade”. Segundo os especialistas, uma tortilla pode estar em boas condições no frigorífico durante três dias, mas se tiver batata, que é um hidrato de carbono, só fica em bom estado durante dois dias.

Mas estas considerações não são fiáveis porque não têm qualquer base científica, garante uma especialista ao El País, lembrando aliás que quem estudou em concreto a bactéria e o caso do jovem, em 2011, foi a revista de ciência Journal of Clinical Microbiology.

Para que não restem dúvidas, o jornal espanhol frisa que para evitar uma intoxicação pela bactéria Bacillus cereus, a Food Safety Authority, órgão independente responsável por assegurar a higiene alimentar no Reino Unido, por exemplo, aconselha a não deixar os alimentos expostos à temperatura ambiente por mais de duas horas, e manter as sobras congeladas a menos de 7ºC e, preferencialmente, a menos de 4ºC.

A bactéria que causou a morte do estudante está presente em vários alimentos, como cereais, frutas, legumes, leites, ovos e peixe. Quando é estimulada pelo calor, pode fazer com que se multipliquem toxinas perigosas que, em casos como o do rapaz, podem levar à morte.

No entanto, é raro estes casos se tornarem tão graves. Entre 2007 e 2014, na União Europeia foram afetadas 6.657 pessoas com a Bacillus cereus, mas só 5% das pessoas foram hospitalizadas e não houve mortes.

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