O cantor e compositor norte-americano Ryan Adams, que durante duas décadas levou diversas artistas ao estrelato através do seu patrocínio, terá manipulado várias mulheres para que tivessem sexo com ele em troca de oportunidades de carreira, de acordo com uma investigação do jornal norte-americano The New York Times.

Sete mulheres e mais de uma dezena de pessoas que contactavam com o artista revelaram ao jornal que Ryan Adams, que já foi nomeado para os Grammys sete vezes, promovia jovens artistas, levando-as a cantar consigo em palco, ao mesmo tempo que as perseguia e as fazia sofrer abusos emocionais e verbais, persuadindo-as a fazer sexo com ele.

Uma das mulheres que acusam Adams é a sua ex-mulher, a cantora e atriz Mandy Moore, que disse ao jornal norte-americano que “a música era um ponto de controlo para ele”.

Outra das mulheres é Ava, uma jovem que começou a contactar com Ryan Adams em 2013, quando tinha 14 anos e já começava uma carreira no mundo da música. Ava e Ryan Adams trocaram centenas de mensagens pela Internet — e o The New York Times analisou 3.217 delas.

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De acordo com a jovem, hoje com 20 anos, a certa altura as conversas tornaram-se sexualmente explícitas, incluindo videochamadas nas quais Ryan Adams se despia. Os dois mantiveram a relação online durante pelo menos nove meses, numa altura em que Ava tinha 15 e 16 anos, e nunca se encontraram pessoalmente.

Ava diz que Ryan Adams lhe perguntava de forma insistente pela idade e admite que mentiu em algumas vezes. “Vou meter-me em problemas se alguém souber que falamos assim”, disse Adams à menor em novembro de 2014.

Um advogado que representa o cantor afirmou ao The New York Times que Ryan Adams nunca “se envolveu em comunicações sexuais inapropriadas online com alguém que ele acreditasse ser menor de idade”.

Entretanto, após a publicação do artigo no jornal norte-americano, o músico recorreu ao Twitter para lamentar os erros que cometeu e para afirmar que o retrato feito na reportagem é exagerado.

“Não sou um homem perfeito e cometi muitos erros. A todos os que alguma vez magoei, ainda que sem intenção, peço desculpa, profundamente e sem reservas”, escreveu Ryan Adams num tweet. “Mas o retrato feito por este artigo não é exato. Alguns dos detalhes estão mal representados, alguns são exagerados, outros completamente falsos. Nunca teria interações inapropriadas com alguém que eu soubesse ser menor de idade. Ponto final”, acrescentou noutro.

“Enquanto alguém que sempre tentou espalhar alegria através da minha música e da minha vida, saber que alguém acredita que eu o magoei entristece-me muito. Estou determinado a trabalhar no sentido de ser o melhor homem que posso ser. Desejo a todos compaixão, compreensão e cura”, disse numa terceira mensagem.

Ava contou ao The New York Times que Ryan Adams chegou a propor-lhe que gravassem uma música juntos, mas explicou que foi precisamente a interação com o cantor que a demoveu de uma carreira artística.

Ryan Adams enviava-lhe mensagens como: “Só quero que toques no teu mamilo” ou “Diz-me que a tua mãe não me vai matar se descobrir que nós trocamos mensagens”.

Outra mulher, Phoebe Bridgers, contou que foi convidada por Ryan Adams para ir ao seu estúdio Pax-Am quando tinha 20 anos. “Havia uma mitologia à volta dele. Parecia que ele tinha o poder de impulsionar as pessoas”, contou. Adams gostou dela, ofereceu-lhe uma guitarra e quis gravar uma música sua, de forma a dar um empurrão à carreira de Bridgers.

Foi a partir desse momento que Bridgers começou a ser assediada por Ryan Adams, quase sempre por mensagens de telemóvel. Adams queria saber sempre onde ela estava, queria fazer sexo por telefone e ameaçava suicidar-se caso ela não respondesse.

A cantora e compositora Courtney Jaye, e a ex-mulher de Ryan Adams, Mandy Moore, também testemunharam ao The New York Times sobre os abusos de que foram vítimas.