Morreu José Queirós, um dos fundadores do Público e provedor dos leitores no jornal. Tinha 67 anos. O jornalista não resistiu a um cancro na noite de quinta para sexta-feira.

A carreira de José Queirós começou como estagiário em 1977 no Primeiro de Janeiro. Depois tornou-se responsável pela delegação do Expresso no Porto, onde nasceu em 1951. Foi enquanto exercia esse cargo que teve a ideia de formar um novo jornal diário. Juntou-se então a Vicente Jorge Silva e os dois tornaram-se nos principais mentores do jornal Público. José Queirós costumava dizer que era jornalista “mesmo antes da profissão”, escreve o jornal ao dar, nesta sexta-feira, a notícia da sua morte.

Em 2002 mudou-se para o Jornal de Notícias e tornou-se chefe de redação. De acordo com esse jornal, José Queirós chegou num “momento de mudança” e deu “a quantos que com ele trabalharam muito do seu acumulado saber”. A passagem de José Queirós pelo Jornal de Notícias abriu “as portas para uma forma de estar no jornalismo, valorizando o processo participativo e o debate de ideias”, garante o jornal sediado no Porto.

Seis anos depois de ter entrado no JN, José Queirós deixou a redação para se dedicar à editora Figueirinhas. Mas em 2010 regressou ao Público, desta vez como provedor do leitor. “Farto-me de ler, sou sério candidato a leitor número um do Público. Se já antes o fazia, quando por aqui andei e ajudei a criar este diário, continuei a fazê-lo por gosto”, cita-o o Público na nota biográfica agora publicada.

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E acrescenta: “Tenho orgulho neste jornal e zango-me com ele quase todos os dias. Suponho que se chama a isto um afeto possessivo, que devo recalcar semana após semana, para ganhar a distância necessária na avaliação das críticas que me chegam”.

Em 2012, José Queirós escreveu a última crónica e agradeceu ao leitor do Público que, segundo ele, é “culto e exigente, que aprecia o rigor, a isenção e a profundidade das notícias, que valoriza a qualidade da informação e da opinião, que é pouco tolerante face a erros e falhas profissionais”. “Obrigou-me a reflctir sobre um rol significativo de questões de natureza ética e deontológica, suscitadas por trabalhos publicados, e nem todas fáceis de apreciar, por envolverem com frequência escolhas dilemáticas entre valores em confronto”, recordou ele.

José Queirós dedicou três décadas ao jornalismo português.  O corpo estará em câmara-ardente na tarde desta sexta-feira no Tanatório de Matosinhos. O funeral será no sábado às 14h.