Uma mensagem de voz de uma portuguesa — cuja veracidade ainda não foi confirmada –, que dá conta da intenção de abrir as barragens de países vizinhos de Moçambique, está circular entre a comunidade de portugueses. No áudio, partilhado pelo Whatsapp, é feito um alerta a todos os que vivem na região da Beira para que retirem mulheres, crianças e idosos do local, devido ao perigo de novas cheias, falando mesmo numa “onda” que a abertura das comportas poderá provocar.

A autora da mensagem garante que a informação é oficial e que foi confirmada pela própria junto da embaixada portuguesa em Moçambique, tendo “falado diretamente com a senhora embaixadora”.

Vão abrir — se não for hoje à noite [terça-feira], é amanhã, em breve — as barragens dos países vizinhos, nomeadamente o Zimbabué, porque há risco de colapso. Vai haver uma primeira onda que está previsto passar principalmente nos distritos de Buzi e Nhamatanda”, ouve-se na mensagem.

A autora da mensagem diz ainda que a embaixadora de Portugal em Maputo terá pedido “para que a comunidade portuguesa da Beira não entre em pânico” e terá adiantando que aquela cidade, atravessada pelo rio Púnguè, “não vai ser afetada tão diretamente por esta primeira onda”. Ainda assim, terá sugerido “que as pessoas estejam de sobreaviso e que tomem as devidas precauções”. “Fiquem de alerta máximo. Temo o pior”, conclui a portuguesa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Observador contactou o assessor do Secretário de Estado das Comunidades Portugueses, que não conseguiu, até ao momento, confirmar a informação. José Luís Carneiro está, na noite desta terça-feira, a viajar para Maputo, na sequência da tragédia que pode vir a causar, segundo o presidente de Moçambique, mais de mil mortos apenas naquele país.

[Vídeo. Os sobreviventes à espera de resgate nos telhados]

Vários apelos semelhantes ao que está a ser trocado entre emigrantes portugueses estão a começar a circular nas redes sociais, partilhados por moçambicanos, e surgem depois de o próprio Filipe Nyusi ter alertado para essa possibilidade.

Esta terça-feira, segundo a AFP, Filipe Nyusi pediu a todos os que vivem perto de rios que abandonem a área “para salvar suas vidas”, adiantando que as autoridades poderiam não ter outra escolha senão abrir as barragens, por haver risco de colapso.

A passagem do ciclone Idai já provocou, pelo menos, 350 mortos nos três países afetados — Moçambique, Zimbabué e Maláui. A tempestade, já considerada a pior de sempre do hemisfério sul, atingiu a região com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora.

Ciclone Idai pode ser “o pior desastre do hemisfério sul”. Balanço aponta para mais de 350 mortos

[Vídeo: “Não há comida, não há socorro”. Moçambique desespera por ajuda]