Uma exposição com obras de 60 artistas portuguesas de várias gerações e períodos da História da Arte é esta quinta-feira inaugurada, às 18h30, para celebrar os 25 anos do Museu Arpad Szenes — Vieira da Silva, em Lisboa.

No âmbito desta celebração de abertura ao público, a par das obras de Maria Helena Vieira da Silva, o museu apresenta, até 23 de junho, um projeto expositivo com a assinatura de Pedro Cabrita Reis: “A metade do céu”.

A exposição reúne exclusivamente obras realizadas por mulheres artistas portuguesas, oriundas das mais diversas áreas do pensamento e da criatividade, e cujos trabalhos estão situados num arco temporal de produção situado entre meados do século XX e a atualidade.

Também esta quinta-feira será inaugurada a exposição “Lusofolia: A Beleza Insensata”, com curadoria de António Saint Silvestre, patente na sala de exposições temporárias, até 12 de maio, organizada em parceria com o Centro de Arte Oliva, de S. João da Madeira, onde a colecção de Arte Bruta Treger/Saint Silvestre se encontra em depósito.

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Em “A metade do céu” são apresentadas obras de 60 artistas, do Barroco de Josefa de Óbidos à contemporaneidade de criadoras como Maria Helena Vieira da Silva, Paula Rego, Helena Almeida, Lourdes Castro, Menez e Graça Morais, Ana Hatherly, Adriana Molder, Filipa César, Ana Jotta, Joana Vasconcelos, Ângela Ferreira, Fernanda Fragateiro, Graça Costa Cabral, Leonor Antunes, Sofia Areal e Clara Menéres.

Pedro Cabrita Reis propõe uma exposição coletiva como “corpo vivo”, para “criar curiosidade permanente e provocar reações” no público, disse poucos dias antes da inauguração, em declarações à agência Lusa.

Exposição “A metade do céu” é “contributo” para debate sobre condição da mulher

O curador convidado pela Fundação Arpad Szenes — Vieira da Silva foi buscar o título a uma expressão atribuída ao líder chinês Mao Tsé-Tung, segundo o qual toda e qualquer mulher sustenta “A metade do céu”.

Pedro Cabrita Reis traz ao Museu Vieira da Silva uma seleção de obras de caráter pluridisciplinar, convocando o desenho e a pintura, a escultura e a instalação, a fotografia e o vídeo.

Ana Isabel Miranda Rodrigues, Ana Pérez-Quiroga, Catarina Leitão, Fátima Mendonça, Graça Pereira Coutinho, Luísa Correia Pereira, Patrícia Garrido, Rita GT, Rosa Carvalho, Salomé Lamas, Sara & André, Sara Bichão, Sarah Affonso, Susanne Themlitz, Túlia Saldanha e Vanda Madureira são outras artistas que estarão representadas na exposição.

Criada ainda em vida de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), uma das mais importantes pintoras portuguesas, e instituída por decreto-lei em 10 de maio de 1990, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva tem como missão garantir a existência de um espaço, em Portugal, onde o público possa contactar permanentemente com a obra do casal de artistas.

Quando França sofreu a ocupação nazi, na Segunda Guerra Mundial, Vieira da Silva e Arpad, que viviam em Paris, tentaram regressar a Portugal, mas o presidente do Governo da ditadura, António Oliveira Salazar, retirou a nacionalidade portuguesa à pintora e ao marido, cidadão húngaro de ascendência judia.

Vieira da Silva e Arpad partiram então para o Brasil onde estiveram exilados entre 1940 e 1947, permanecendo apátridas até 1956, ano em que lhes foi concedida a nacionalidade francesa.

O Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva foi inaugurado a 03 de novembro de 1994, num edifício da Praça das Amoreiras, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, e apresenta regularmente exposições com a obra do casal ou de artistas com os quais tiveram algum tipo de ligação de amizade.

A Fundação Calouste Gulbenkian custeou as obras de remodelação e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento apoiou o projeto na área da investigação.

A coleção do museu cobre um vasto período da produção de pintura e desenho do casal: de 1911 a 1985, para Arpad Szenes (1897-1985), e de 1926 a 1986, para Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992).

Também foi desejo de Vieira da Silva legar um espaço de investigação aberto ao público, cumprido com a criação do Centro de Documentação e Investigação que, além de desenvolver pesquisas internamente, tem acolhido investigadores portugueses e estrangeiros.

Na rua João Penha, ao Alto de São Francisco, junto à praça das Amoreiras e ao museu, está também aberta ao público a antiga casa-atelier da pintora, com uma programação própria de exposições e conferências, acolhimento de atividades propostas pela comunidade e residências para artistas e investigadores.