O grupo TAP registou, em 2018, um prejuízo de 118 milhões de euros, valor que compara com um lucro de 21,2 milhões de euros registado no ano anterior, foi esta sexta-feira anunciado. A viragem dos resultados foi atribuída a elementos não recorrentes pela administração da empresa numa conferência de imprensa. Apesar de voltar ao vermelho, a empresa está a ser preparada para a abertura do capital em bolsa, revelou o acionista privado David Neeleman, que apontou já para o próximo ano.

Já o presidente executivo, Antonoaldo Neves sublinhou que “quem dita o timing é o mercado. Estamos preparando a empresa para o momento em que surgir uma oportunidade, avançarmos. Agora, o calendário não é possível de prever. Como está o apetite do mercado? Não sabemos. E quanto será a percentagem? Também não sabemos”, afirmou na conferência de imprensa onde admitiu ainda a venda de uma participação até 30% numa eventual oferta em bolsa.

A Gateway, detida por David Neeleman e Humberto Pedrosa, tem 45% da companhia onde o Estado é o maior acionista com 50%. Há ainda 5% do capital disperso pelos trabalhadores. Uma eventual entrada em bolsa terá de ser aprovada pelo acionista público que poderá ter de ceder uma parte da sua posição nesta dispersão de capital.

“Tivemos um prejuízo líquido consolidado de 118 milhões de euros […]. Os resultados vão além do prejuízo, já que a empresa não causa impacto somente através do seu resultado financeiro”, disse Antonoaldo Neves. Por sua vez, a receita do grupo passou de 2.978 milhões de euros em 2017 para 3.251 milhões de euros em 2018, traduzindo-se num aumento de 273 milhões de euros, mais 9,1% face ao período homólogo.

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“O ano de 2018 foi difícil para a TAP quer em termos operacionais, quer em termos económicos e financeiros, mas foi um ano que não comprometeu o nosso futuro. Um ano que nos permitiu continuar a criar raízes para que o plano estratégico possa ser implementado como previsto”, indicou, por sua vez, o presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho.

“Os custos extraordinários com irregularidades são consequência do cancelamento de 2490 voos que obrigaram ao aluguer de aviões de substituição com tripulações e ao pagamento de indemnizações a passageiros, no total de cerca de 41 milhões de euros, adiantou a TAP, em comunicado. Posteriormente, “foram alcançados acordos sindicais que asseguram a paz social na empresa”, acrescentam.

Em 2018, foi também implementado um programa de pré-reformas e de saídas voluntárias em Portugal, tendo os custos associados a estas saídas sido fixados em 26,9 milhões de euros.

O gasto com combustível aumentou, por seu turno, de 580 milhões de euros em 2017, para 799 milhões de euros em 2018. O total de custos operacionais avançou 14,7% em 2018, devido, sobretudo “à existência de custos de natureza extraordinária e não recorrente”.

O crescimento das receitas do grupo engloba a expansão do mercado nos EUA (mais 10%) e, pela negativa, o efeito da desvalorização cambial no Brasil (menos 16%). Por segmento, na TAP Manutenção e Engenharia em Portugal, que apresentou um crescimento de 55%, destaca-se a venda de serviços de manutenção de motores para terceiros, que avançou 70,1%, passando de 108,8 milhões de euros em 2017 para 185,1 milhões de euros em 2018.

No período de referência, a TAP registou 134.718 descolagens, o que compara com as 123.687 registas no ano anterior. Em 2018, a frota da companhia aérea também cresceu, passando de 88 em 2017 para 92.

Nos últimos 18 meses, a companhia portuguesa lançou 17 novas rotas que contribuíram para o aumento das receitas do grupo. “Os mercados emergentes não conseguem lançar 17 rotas num ano. É um feito notável para a TAP. Os trabalhadores investiram muito e os frutos vão ser colhidos este ano”, defendeu Antonoaldo Neves.

Foi também iniciado, em 2018, um programa de corte de custos, que permitiu poupanças na ordem dos 115 milhões de euros.

No ano de 2018 “resolvemos encarar a realidade como ela é. A TAP tinha uma deficiência grande do serviço ao seu cliente. A TAP não estava entre as empresas [com melhor posição] da ‘ranking’ da Star Aliance”, notou o presidente da Comissão Executiva da TAP. De acordo com os dados disponibilizados, a pontualidade da TAP está, atualmente, “consolidada” em 80%, contra os 73% registados em 2018.

Grupo TAP quer contratar 500 trabalhadores este ano

Ainda esta sexta-feira, o  presidente da Comissão Executiva da TAP disse que o grupo quer contratar, este ano, 500 trabalhadores, abaixo dos mil que estavam nas previsões iniciais, após a aceleração de contratações em 2018.

São 500 trabalhadores. Tínhamos uma previsão de mil, [mas] como nós acelerámos a contratação no final do ano passado, desaceleramos a contratação este ano. A previsão é de 500, mas oxalá sejam mais”, disse Antonoaldo Neves

O presidente da Comissão Executiva da companhia aérea referiu ainda que, durante este ano, vão ser contratados entre 120 a 130 pilotos, um processo que, de acordo com o responsável, já deveria ter acontecido.

“Só se contratam pilotos após o verão. Vamos ter contratações também em 2020. A empresa agora trabalha de uma forma planeada e antecipada”, afirmou.