Pelo menos dois bancos portugueses, a Caixa Geral de Depósitos e o BPI, chegaram a dar financiamento a 100% para compra de casas, segundo casos que foram partilhados com o Negócios. Foi antes de julho, quando entrou em vigor o travão do Banco de Portugal que faz com que, a partir desse momento, os bancos tenham de justificar os casos “estritamente excecionais” em que são concedidos créditos à habitação sem qualquer entrada inicial.

Os dois casos que são noticiados, esta segunda-feira, pelo Negócios, indicam que até ao aviso do Banco de Portugal alguns bancos já estavam a regressar às práticas que marcaram a década anterior, em que se financiava a compra de casa sem entrada inicial e o contrato de crédito incluía, ainda, financiamento para obras ou para a compra de mobília. Um caso, na CGD, conseguiu crédito a 100% do valor do imóvel e a possibilidade de financiamento para obras. Não era uma casa que estava no balanço dos bancos (onde estes sempre deram condições preferenciais) mas uma compra simples entre um particular e outro.

Outro caso, no BPI, também foi concedido crédito a 100%, mas o banco não deu explicações sobre essa prática, quando contactado pelo Negócios. Já a CGD explicou que apesar de o crédito em causa e a escritura terem sido em julho, a decisão de concessão de crédito foi tomada ainda em junho, antes da entrada em vigor do aviso do Banco de Portugal. Depois disso, reconhece o banco, houve um “período de ajustamento”.

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Um dos limites que constam do alerta do Banco de Portugal diz respeito ao rácio entre o montante do empréstimo e o valor do imóvel dado em garantia, o chamado loan-to-value (LTV). As regras estabelecem que nos créditos para compra de habitação própria e permanente, este rácio não pode superar os 90% do valor (e nos empréstimos hipotecários com outras finalidades, a percentagem máxima é de 80%). Os bancos podem exigir menos entrada inicial aos clientes mas têm de justificar isso perante o supervisor.

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