A UEFA Youth League, enquanto formato que equivale nos sub-19 àquilo que representa a Liga dos Campeões para as equipas principais, é de forma inevitável uma montra para os jovens jogadores que se destacam na formação dos principais clubes europeus. As edições dos anos anteriores, sem ser preciso chegar aos vencedores ou sequer aos finalistas, acumulam nomes que hoje em dia brilham nas grandes Ligas europeias. Foi exatamente isso mesmo que a conta oficial de Twitter da Youth League recordou esta segunda-feira, salientando os nomes de Mbappé, Rashford e De Ligt num grupo que também integra Svilar, guarda-redes do Benfica. Mais do que um avivar da memória, a recordação serve como inspiração: os 22 jogadores que esta segunda-feira disputavam a final da Youth League em Nyon tinham Mbappé, Rashford e De Ligt como exemplo. Jogadores que ainda há pouco estiveram onde eles estão e que agora atuam na Liga dos Campeões.

Pela primeira vez na história da competição, uma equipa portuguesa chegou à final da Youth League: depois de bater o Hoffenheim na passada sexta-feira (3-0), o FC Porto apurou-se de forma inédita para a final europeia, após ter caído nas meias-finais na temporada passada (e depois de ter visto o Benfica ser eliminado nessa fase nos dois anos anteriores). Com golos de Romário Baró, Fábio Silva e Tiago Matos, os jovens dragões carimbaram o passaporte para a final — onde esta segunda-feira encontravam o Chelsea. O mesmo Chelsea que na temporada passada, na decisão por grandes penalidades, eliminou o FC Porto nas meias-finais e perdeu na final com o Barcelona.

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FC Porto vence Hoffenheim e chega pela primeira vez na história à final da Youth League

Comparativamente a essa meia-final a 20 de abril de 2018, repetiam a titularidade os dragões Diogo Costa, Diogo Queirós, Diogo Leite e Romário Baró e os blues Gallagher, McCormick, Redan e Familio-Castillo. No que toca à equipa que na sexta-feira bateu de forma inequívoca os alemães do Hoffenheim, o treinador Mário Silva fazia apenas uma alteração: entrava o guarda-redes Diogo Costa para o lugar de Francisco Meixedo, já que o habitual titular só falhou o jogo anterior por ter sido chamado à equipa principal devido à lesão de Fabiano. Do lado do Chelsea, o técnico Joe Edwards não fazia qualquer alteração ao onze que eliminou o Barcelona na decisão por grandes penalidades.

O FC Porto encontrava então um Chelsea que é provavelmente a equipa mais credenciada na Youth League. O clube inglês marcava presença esta segunda-feira na quarta final do seu palmarés e das três anteriores só perdeu uma, precisamente a da temporada passada, perante o Barcelona. Antes, os blues conquistaram o principal troféu europeu das camadas jovens em 2015 e 2016, batendo primeiro o Shakhtar Donetsk e depois o PSG. Esse sucesso na formação, contudo, não se tem materializado em reforços para a equipa principal: dessas duas equipas que se sagraram campeãs da Europa de sub-19 em anos consecutivos, só subiram à Premier League o ala Callum Hudson-Odoi e o central dinamarquês Andreas Christensen.

O Chelsea entrou mais forte no jogo e criou duas grandes ocasiões de golo logo nos primeiros 10 minutos: em ambos os lances, o lateral-direito Lamptey ganhou a profundidade a Tiago Lopes e cruzou atrasado para o interior da grande área, apanhando desprevenida a dupla de centrais dos dragões. Nas duas vezes, primeiro por intermédio de Gallagher (9′) e depois por McCormick (10′), a bola passou por cima da baliza de Diogo Costa. O FC Porto reagiu com a melhor oportunidade da partida ao fechar do primeiro quarto de hora, quando Fábio Silva deixou sentado o guarda-redes do Chelsea mas acabou por rematar já em desequilíbrio e sem força e permitiu a recuperação de um defesa inglês (15′). Esse momento, mesmo sem dar golo, serviu como catalisador de um momento de ascendente da equipa portuguesa que culminou no inaugurar do marcador apenas dois minutos depois.

Aos 17 minutos, Ángel Torres lançou-se em velocidade pela direita do ataque do FC Porto e cruzou rasteiro mas tenso já no interior da grande área. A bola atravessou toda a defesa inglesa até chegar ao segundo poste, onde estava Fábio Vieira, que rematou sem oposição para o primeiro dos dragões na partida. Os dragões prolongaram o ascendente nos minutos que se seguiram e poderiam ter chegado ao segundo golo através de João Mário, que rematou de pé esquerdo ao lado da baliza de Ziger (35′), mas a verdade é que foi o Chelsea a terminar o primeiro tempo por cima do jogo, com duas oportunidades que poderiam ter dado o empate: primeiro foi Diogo Costa a travar um cabeceamento de McCormick (43′) e depois foi Redan, também de cabeça, a atirar ao lado (45+1′).

Os ingleses voltaram para a segunda parte com mais dinâmica e velocidade e a criar perigo novamente a partir do corredor direito. Foi exatamente a partir daí que o Chelsea acabou por chegar ao empate, com um cruzamento largo de Familio-Castillo que Redan concretizou de cabeça, entre os centrais, num lance onde o guarda-redes Diogo Costa não ficou muito bem na fotografia (53′). A reação do FC Porto, porém, foi imediata: o capitão Diogo Queirós obrigou Ziger a uma grande defesa logo no minuto seguinte (54′) e o pontapé de canto consequente acabou por dar a recuperação da vantagem por parte dos dragões. Num lance de insistência, onde Fábio Silva fez a bola voar da direita para a esquerda e apanhou a defesa inglesa desprevenida, Queirós apareceu na cara do guarda-redes e marcou à segunda, numa jogada de carambola que deu o segundo golo da equipa portuguesa (55′).

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A partir do minuto 60, o jogo entrou numa fase de ritmo menos elevado e os treinadores aproveitaram para começar a mexer no encontro e a efetuar alterações. O Chelsea ia tentando, de forma mais frequente, chegar ao último terço do meio-campo dos dragões mas a dupla de centrais portuguesa, formada por Diogo Queirós e Diogo Leite, esteve praticamente intransponível a partir do golo de Redan. O FC Porto, que durante grande parte do encontro parecia estar a jogar em casa, face à grande mancha de adeptos azuis e brancos que marcou presença em Nyon, acabou por chegar ao terceiro golo que encerrou as contas por intermédio de Afonso Sousa.

O médio de 18 anos com ADN totalmente azul e branco — é filho de Ricardo Sousa e neto de António Sousa, ambos antigos jogadores do FC Porto –, entrou para o lugar de João Mário aos 63 minutos e marcou 12 minutos depois. Aproveitando um toque de calcanhar de Romário Baró, Afonso Sousa atirou de pé esquerdo já no interior da grande área e bateu Ziger pela terceira vez (75′).

Depois de se tornar a primeira equipa portuguesa a chegar à final da Youth League, o FC Porto torna-se agora a primeira equipa portuguesa a conquistar a Liga dos Campeões dos sub-19. Semana histórica para o desporto português, entre a vitória do Sporting na Liga dos Campeões de futsal e a conquista do FC Porto esta segunda-feira em Nyon.