Os cabeças de lista do PS, Pedro Marques, e do PSD, Paulo Rangel, debateram a dois na RTP, este sábado, em preparação para as eleições para o Parlamento Europeu. Só no fecho se falou da Europa e, mesmo aí, o debate centrou-se não em políticas, mas na escolha do futuro representante de Portugal na Comissão Europeia.

Para Paulo Rangel ainda é cedo para se discutir quem será o substituto do social-democrata Carlos Moedas na Comissão Europeia, mas “o PS parece estar com muita pressa”. “Não sabemos a que é que se candidata Pedro Marques”, afirmou, atacando: “É um candidato fake. Tem de esclarecer se quer ser eurodeputado ou comissário europeu“.

Pedro Marques rejeitou repetidamente a acusação de Rangel: “A única coisa para que fui convidado foi para ser deputado europeu e tenho uma honra enorme em ser deputado europeu”. Mas notou a importância destas eleições para a influência de Portugal na UE: “Quanto mais força tiver o PS nestas europeias, mais força tem António Costa na negociação de pastas para a Comissão Europeia”.

“A única coisa em causa aqui é a eleição do presidente da Comissão Europeia”, sublinhou Pedro Marques, que coloca a questão entre “o candidato da direita, Manfred Weber [PPE], o homem das sanções a Portugal, e Frans Timmermans [PSE]”.

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Nessa escolha, para o socialista, está refletida a opção entre o “caminho de ambição” do Partido Socialista Europeu, grupo que o PS integra,  e o “caminho de conformismo” do Partido Popular Europeu, grupo que o PSD integra, e em que, garante, Paulo Rangel “não tem influência, ao contrário do que gosta de dizer”. A ambição deve passar, em Portugal, pela aplicação dos fundos comunitários na “área da inovação, das alterações climáticas e das qualificações”,

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A maioria do debate, no entanto, foi passada a discutir a economia portuguesa e a governação de de José Sócrates, Pedro Passos Coelho e António Costa, mesmo depois de ambos os candidatos sublinharem que não queriam falar do passado.

Para o social-democrata, Portugal cresce abaixo da média europeia devido à má aplicação de fundos comunitários, ao aumento de impostos e à quebra no investimento público durante a governação do PS. “Fomos sistematicamente ultrapassados por países de leste até ficarmos na cauda da Europa“, afirmou o candidato social-democrata.

Quando ouvi Paulo Rangel, parecia que estava a olhar para o retrovisor e a ver a governação de Pedro Passos Coelho“, retorquiu Pedro Marques, que notou a convergência da economia portuguesa com a média europeia ao longo dos últimos dois anos: “Conseguimos criar uma alternativa política com crescimento do investimento privado e criação de emprego”.

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Paulo Rangel ainda argumentou que o candidato socialista não tinha “credibilidade para falar de austeridade” por ter integrado o governo de José Sócrates e justificou as dificuldades da economia portuguesa durante a governação de Passos Coelho precisamente com a necessidade de “recuperar da bancarrota trazida pelo PS”. “É infantil a promoção desta ideia de que há partidos que querem fazer mal ao país e partidos que querem fazer bem“, fechou Rangel.