Enquanto a caravana passa entre o norte e o sul do país, chegam notícias de São Bento: “O primeiro-ministro, António Costa, confirmou esta quarta-feira que teve conhecimento do “memorando” sobre a operação da Polícia Judiciária Militar de recuperação do material furtado em Tancos na manhã do dia 12 de outubro do ano passado, confirmando assim as informações prestadas pelo seu chefe de gabinete, Francisco André, em audição na comissão de inquérito”. Foi esta a resposta que António Costa deu por escrito aos deputados da comissão de inquérito sobre o furto de Tancos, e foi o que motivou a acusação de Assunção Cristas desta noite: “António Costa tem falta de honestidade política”.

O tom das acusações sobe à medida que se aproxima o dia das eleições. “O primeiro-ministro tem tudo menos honestidade política, tem tudo menos frontalidade”, afirmou Assunção Cristas num jantar-comício em Alcobaça, sublinhando que apesar das respostas escritas do primeiro-ministro, os centristas ficaram “sem saber a resposta” — porque António Costa “conseguiu dar respostas contraditórias e manter a dúvida em cima da mesa”. Mas qualquer que seja a resposta, é má.  Senão vejamos:

1ª hipótese: “António Costa sabia e nada fez, foi cúmplice e conivente neste encobrimento [na recuperação do material militar], e isso é inaceitável e inadmissível para um primeiro-ministro”.

2ª hipótese: “António Costa não sabia, e por isso não foi conivente, então o Governo… nem sei que lhe hei de chamar… é um Governo inexistente, de tal forma incompetente que admite que haja um ministro [da Defesa] que não conta ao primeiro-ministro uma coisa tão séria quanto este encobrimento no coração do Estado de Direito em Portugal”.

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Resumindo, o primeiro-ministro tem tudo menos “honestidade intelectual”. E Assunção Cristas fez as contas a uma promessa feita por António Costa há nove dias no debate quinzenal: disse que diria “nas próximas horas” qual seria a solução para o SIRESP, e já passaram entretanto “221 horas”, e António Costa continua sem dar resposta. “Continuamos sem ter o caso do SIRESP resolvido, sem saber se o clima quente e agreste anunciado para o mês de junho vai ou não vai ter situações dramáticas a repetirem-se”. “Isto é desleixo e é não ter respeito pelas pessoas que perderam a vida e pelos familiares que ainda hoje as choram”, disse a líder do CDS pedindo novamente um “cartão vermelho” para António Costa nas europeias.

“Foi o PS que levou o extremismo para o poder em Portugal”

No mesmo jantar em Alcobaça, Nuno Melo voltou a preferir falar de “ideologia”, afastando a direita do CDS dos extremismos que, diz, em Portugal só residem à esquerda. Em resposta direta ao ministro Eduardo Cabrita, aqui apelidado de “comissário socialista para a Administração Interna”, que esta quarta-feira acusou o CDS de estar a branquear a extrema-direita na Europa, afirmando que o PS está hoje mais próximo da CDU de Angela Merkel do que o CDS, Nuno Melo respondeu à letra: se o PS quer falar de extremismos, que olhe para dentro da sua casa.

“Se o PS quer falar de extremismos, olhe para a sua esquerda, para o BE e o PCP. Porque um e outro, sendo o pior do leninismo, do trotskismo e do marxismo, pela primeira vez ascenderam ao poder e foi o PS que os levou para lá”, disse, insistindo nessa ideia: “Foi o PS que levou o extremismo para o poder em Portugal”.

Em matéria de extremismos, Nuno Melo diz estar descansado. Sem dizer os nomes do “Chega” de André Ventura, e do Aliança de Santana Lopes, o candidato centrista lembrou que foi o CDS que retirou o apoio à candidatura de André Ventura à câmara de Loures depois de declarações xenófobas (tendo o PSD mantido o apoio) e que se Santana (sem o nomear) tivesse ganho as diretas contra Rio não havia sequer Aliança. Mais uma razão para dizer que o CDS, não só é da direita moderada, que rejeita extremismos, como é a única opção para quem é dessa direita em Portugal.