As coisas nem começaram a correr da melhor forma para Novak Djokovic em Roland Garros. Ou melhor, para Roland Garros e por causa de Novak Djokovic: o sérvio estava sossegado no seu período de aquecimento, atirou uma bola medicinal ao chão com força para trabalhar as articulações e quando deu por ela tinha feito um buraco no soalho. “Estou à espera que me mandem a conta. O estrago foi grande, tenho de dizer… Vocês sabem, como tenho uns músculos muito grandes era normal fazer aquele tipo de estragos. O que estava a fazer? Era só a minha rotina de aquecimento, onde atiro a bola medicinal ao chão para aquecer, depois ouvi um barulho na segunda vez e de repente ficou um buraco. Eles arranjaram logo, no dia a seguir estava feito mas aprendi a lição”, atirou numa conferência, depois de já ter publicado um vídeo nas suas redes sociais.

Duas décadas depois, Roger Federer ainda come massa duas horas antes em Roland Garros. Só falta ganhar a Nadal

O número 1 do ranking respondeu da melhor forma à clara derrota na final do Open de Itália frente a Rafa Nadal, depois de ter ganho uma semana antes em Madrid, e está confiante nesta edição de Roland Garros que, pelas palavras do próprio, é talvez o grande objetivo da temporada. “Tenho-me preparado para este torneio nos últimos meses. Desejava chegar com todas as minhas forças e num bom momento de forma para estar no meu máximo. De certeza que não sou o único a trabalhar com esse pensamento mas tenho objetivos muito importantes se ganhar”, destacou, citado pelo El País, numa prova onde atribuiu inicialmente todo o favoritismo ao 11 vezes campeão no Grand Slam francês, Rafa Nadal.

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Tudo estava a correr bem até esta quarta-feira, dia de paragem devido à chuva. E foi aqui que soaram alguns alarmes: devido ao calendário mais apertado por causa dessa interrupção, Djokovic corria o risco de fazer três jogos de esforço máximo em quatro dias seguidos, o que lhe poderia retirar alguma força de fazer o segundo “Nole Slam” da carreira, como destacava a Forbes: ganhar os quatro Majors de forma consecutiva, depois dos triunfos em Wimbledon e no US Open do ano passado e no Open da Austrália deste ano – algo que, por exemplo, nem Rafael Nadal, nem Roger Federer conseguiram fazer na carreira. No entanto, depois de vitórias seguidas sempre em três sets, o sérvio enfrentou maiores dificuldades no primeiro set contra o alemão Alexander Zverev (7-5) mas confirmou mais um triunfo com duplo 6-2 nos parciais seguintes.

Agora, na meia-final a que poucos estão a “ligar” mas que promete ser um dos duelos do ano (porque o outro jogo marcará o reencontro entre Nadal e Federer na terra batida de Paris), Djokovic terá pela frente o quarto cabeça de série, Dominic Thiem. E o austríaco, mesmo sendo um outsider, goza de um estatuto que é tudo menos isso: depois de “despachar” nos quartos o russo Karen Khachanov (que antes eliminara Juan Martín del Potro) em 6-2, 6-4 e 6-2, o jogador de 25 anos voltou a mostrar que tem uma palavra a dizer na luta por um lugar na final como no ano passado, depois de já ter ido às meias em 2016 e 2017.

“O Dominic trabalha, pensa e tem como objetivo ser o número 1”, resumiu ao site do ATP Nicolas Massu, técnico chileno que está agora a trabalhar com o jogador austríaco, protagonista na primeira semana pelo “problema” gerado por Serena Williams: após a derrota com a compatriota Sofia Anna Kenin, a americana não se mostrou disponível para esperar para ir à conferência de imprensa (ameaçando mesmo ir embora) e a organização tentou passar Thiem, que estava nessa altura a falar, para a sala secundária. “Já não sou um júnior, mas o que é isto? Tenho de me levantar porque ela está chegar? Isto é uma piada…”, atirou. Na ronda seguinte, depois do triunfo do Pablo Cuevas, o número 4 do mundo teve uma exibição de gala frente ao francês Gäel Monfils e garantiu de forma tão inequívoca a passagem aos quartos que tudo o resto passou para plano secundário.