O Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) anunciou esta quinta-feira a suspensão “com efeito imediato” do Sudão de todas as atividades da organização por causa da repressão contra manifestantes, que causou mais de 100 mortos.

“O Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) suspendeu com efeito imediato a participação da República do Sudão de todas as atividades da UA até ao estabelecimento efetivo de uma autoridade civil de transição”, escreveu a instituição numa mensagem na rede social Twitter. Para a União Africana, esta será a única forma “de permitir ao Sudão uma saída para a atual crise”.

O anúncio surgiu depois de uma reunião do Conselho de Paz e Segurança sobre o Sudão realizada esta quinta-feira, um dia depois de novos confrontos terem elevado para 108 o número de mortes, desde segunda-feira, segundo os movimentos opositores. O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Fake Mahamat, tinha já condenado, no início da semana, a violência no Sudão e apelado à junta militar, no poder, para “proteger os civis”.

O Sudão vive desde dezembro uma revolução popular sem precedentes que conduziu à deposição, em abril, do Presidente, Omar al-Bashir, substituído por um Conselho Militar Transitório. Apesar da mudança, os manifestantes continuaram nas ruas, reclamando uma transferência de poder para os civis, enquanto decorriam negociações.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As negociações entre os movimentos de contestação e a Junta Militar fracassaram em 20 de maio, com as duas partes a quererem assumir a liderança do período de transição de três anos.

Na segunda-feira, o acampamento, montado desde 6 de abril, em Cartum, foi dispersado pela força, com os manifestantes a denunciarem “um massacre” perpetrado por “milícias” do Conselho Militar. Os movimentos opositores falam em 108 mortos e mais de 500 feridos, enquanto o Governo do Sudão sustenta que o número de vítimas causados pela repressão não ultrapassa as 46.

Por seu lado, os militares rejeitaram o uso da força, adiantando que se tratou de “uma operação de limpeza” que correu mal. A operação foi condenada pelas Nações Unidas, Estados Unidos e Reino Unido, entre outros países.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que apoiam os militares sudaneses, apelaram ao diálogo sem condenar a repressão.