Depois da fuga que revelou que a Renault preferiu fazer apenas ligeiras alterações à estética do seu utilitário a bateria, eis que a marca francesa vem desfazer as dúvidas que pairavam no ar, revelando na íntegra a segunda geração do eléctrico recordista de vendas na Europa.

Para manter esse estatuto, a casa de Billancourt optou por “mexer” pouco na estética e bastante em tudo aquilo que não se vê, mas que pode fazer a diferença. As medidas mantêm-se inalteradas, porque a base é a mesma – ao contrário do que se pensava, o utilitário não estreia a CMF-EV projectada em conjunto com a Nissan. Significa isto que o novo Zoe continua a recorrer à arquitectura do antigo Clio, embora a marca do losango assegure que a plataforma foi profundamente revista, permitindo assim melhorias no chassi, o incremento da potência do motor eléctrico, a adopção de um novo sistema de travagem (agora com travões de disco atrás e à frente) e, sobretudo, uma nova bateria. É, sobretudo, neste último ponto que a Renault joga a sua grande cartada, ao superar a capacidade dos acumuladores da concorrência.

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Apesar de continuar a oferecer o motor eléctrico R110, com 108 cv e 225 Nm de binário, o novo Zoe complementa a oferta com a unidade motriz R135, que vê a potência subir para 136 cv (100 kW) e a força para 245 Nm, o que o coloca em pé de igualdade com a concorrência (e-208 e Corsa-e anunciam igualmente 100 kW)). Só que enquanto Peugeot e Opel montam um acumulador de 50 kWh, a Renault opta por um pack de 52 kWh, o que lhe permite ganhar 20% de autonomia. O alcance máximo anunciado, ainda em processo de homologação, aponta para 390 km no ciclo WLTP. Isto é, mais 50 km que o e-208 e mais 60 km que o Corsa-e. Esta estimativa de alcance diz respeito à versão Zoe Life, sendo calculada num ciclo eminentemente urbano (57% em cidade, 25% nas imediações e 18% em auto-estrada). A serem homologados os 390 km do Zoe, há outra conclusão a retirar: é que não só o eléctrico da Renault bate a concorrência na autonomia, como também o faz em eficiência. A cada 100 km, o utilitário do losango consome 13,3 kWh, enquanto o Peugeot e-208 rondará os 14,7 e o Opel Corsa-e 15,1 kWh.

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Em termos de prestações, o novo Zoe cumpre os 0 a 100 km/h em 10 segundos, exigindo 7,1 segundos para saltar dos 80 km/h para os 120 km/h. Na velocidade máxima perde para os rivais, pois está limitado aos 140 km/h, enquanto o Corsa e o 208 a bateria chegam aos 150 km/h.

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Na hora de proceder à recarga da bateria, as opções são múltiplas, pois o compacto da Renault aceita carga em AC a 22 KW e em DC a 50 kW. Se ligado a uma wallbox de 7 kW, são precisas 9,25 horas para deixar a bateria a 100%, ou 8 horas para garantir 300 km. Já num posto normal de carga pública com 11 kW, em pouco mais de duas horas, são recuperados até 125 quilómetros de autonomia. Numa estação de carga a 22 kW, esse alcance obtém-se em metade do tempo. Finalmente, num carregador DC com 50 kW, basta meia hora para colocar na bateria a energia necessária para percorrer mais 150 quilómetros. Opel e Peugeot, quando carregam num posto de carga rápida a 100 kW, asseguram cerca de 270 km em 30 minutos.

O novo Zoe chegará o mercado antes do final deste ano, por preços ainda por revelar. Certo é que além da melhor autonomia da sua classe, o pequeno EV da Renault exibe um interior muito ao estilo da quinta geração do Clio, com destaque para o ecrã de 10 polegadas ao serviço da instrumentação – algo em que os principais adversários não oferecem no nível de equipamento de entrada. A par disso, o utilitário passa a integrar muitas das tecnologias de assistência à condução trazidas pelo novo Clio, cabendo-lhe mesmo a “honra” de estrear algumas funcionalidades. A ponto de, segundo a Renault, este ser o seu modelo com o mais avançado sistema de condução semiautónoma, além de passar a usufruir da condução com apenas um pedal, solução que já vimos no Nissan Leaf.