A guarda fronteiriça norte-americana abriu uma investigação a um grupo secreto, na rede social Facebook, onde estão cerca de 9.500 atuais e antigos membros do organismo — o US Customs and Border Patrol (US CBP) — e onde foram partilhados conteúdos com teor sexista e xenóbofo, incluindo imagens falsas onde Donald Trump aparece a abusar sexualmente da congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez. A US CBP garante que os responsáveis serão responsabilizados.
A investigação do ProPublica, uma organização jornalística sem fins lucrativos que investiga abusos de poder, conseguiu entrar neste grupo fechado na rede social, que se chama “I’m 10-15” e existe há três anos. Uma vez podendo aceder aos conteúdos lá publicados, o ProPublica encontrou, por exemplo, a partilha de uma notícia sobre um pai que atravessa um rio com o filho dentro de um saco de plástico — entre os comentários surgia alguém satisfeito porque “pelo menos este já está num saco do lixo”.
Além dos migrantes ilegais, um alvo preferencial dos conteúdos publicados nesta página são a congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez, de ascendência latino-americana, que aparece em várias imagens falsas a ser abusada sexualmente por Donald Trump. Além disso, perante a partilha de uma notícia sobre uma visita da congressista às instalações da guarda fronteiriça, alguém desafiou os outros convivas a interromper o seu discurso atirando-lhe um “burrito“, um tipo de comida com origens na cozinha mexicana.
This just broke: a secret Facebook group of 9,500 CBP officers discussed making a GoFundMe for officers to harm myself & Rep. Escobar during our visit to CBP facilities & mocked migrant deaths.
This isn’t about “a few bad eggs.” This is a violent culture. https://t.co/SkFwThHElx
— Alexandria Ocasio-Cortez (@AOC) July 1, 2019
“Isto não é apenas uma questão de algumas maçãs podres. É uma cultura de violência”, lamentou a congressista democrata no Twitter.
Na mesma página, questiona-se, também, a autenticidade da foto do pai e filha, mortos, na margem do rio, porque o internauta nunca tinha visto uns “flutuadores tão limpinhos”.
O US CBP reconheceu que lhe chegou a informação difundida pelo ProPublica, sobre “atividade perturbadora em redes sociais, num grupo privado que poderá incluir vários funcionários do CBP”, comentou um porta-voz da guarda fronteiriça.
A diretora do serviço, Carla Provost, também comentou a notícia argumentando que estas publicações, mesmo tendo sido feitas num grupo fechado, “são completamente inapropriados e contrários à honra e integridade que vejo — e exijo — dos nossos agentes”. Em comunicado, Carla Provost garantiu que “quaisquer funcionários que tenham violado os nossos padrões de conduta serão responsabilizados”.