Kim Sung-joon, um apresentador conhecido da televisão sul-coreana, demitiu-se esta segunda-feira da Seul Broadcasting System (SBS) depois de se tornarem públicas as suspeitas de que terá fotografado as pernas de uma mulher sem a sua autorização. O caso está a ser associado à prática de molka, que consiste na gravação ilegal de imagens de natureza sexual ou de partes íntimas de mulheres para, muitas vezes, serem publicadas na internet.

Segundo a polícia coreana, citada pela agência de notícias Yonhap, Kim Sung-joon foi apanhado a fotografar com o seu telemóvel as pernas de uma mulher sem o seu consentimento numa estação de metro na capital sul-coreana. Uma testemunha terá avisado a mulher de que esta estaria a ser fotografada e chamou as autoridades. Inicialmente, o apresentador negou ter tirado as fotografias, mas uma investigação revelou fotografias das pernas da mulher que existiam no seu telemóvel.

Coreia do Sul inicia caça às câmaras ocultas escondidas nas casas de banho

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O apresentador de 55 anos foi detido, mas libertado mais tarde. Raphael Rashid, um jornalista de Seul, noticiou que a SBS tinha relatado o caso no seu site sem mencionar o alegado criminoso, mas acrescentou que o artigo foi removido depois de Kim ter sido identificado publicamente. O apresentador chegou à SBS em 1991 e tornou-se numa das figuras mais conhecidas, tendo até sido considerado em 2013 o melhor apresentador pela Associação de Radiodifusores da Coreia.

A prática de molka é um problema que a Coreia do Sul continua a tentar combater. Em 2017, foram relatados em média 18 casos deste fenómeno todos os dias, de acordo com a agência policial coreana. Nesse ano, o número destes crimes aumentou de 1.353 para 6.470. O número real pode ser maior, uma vez que muitas mulheres não sabem que foram secretamente fotografadas ou filmadas.

A prática já levou a que cerca de 25 mil mulheres saíssem às ruas de Seul, em protesto, usando o slogan “My life is not your porn” (“a minha vida não é a tua pornografia”, em português), usando máscaras e empunhando cartazes a pedir ao Governo que tome medidas.

Coreia do Sul inicia caça às câmaras ocultas escondidas nas casas de banho

Colocar uma câmara oculta, na Coreia do Sul, é punível com uma multa de até 7.440 euros e uma condenação de até cinco anos de prisão. Mas o habitual é os acusados apenas terem que pagar uma pequena multa: dos 5.400 detidos pela prática deste crime, apenas 2% cumpriram pena de prisão.