Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu , em Vila Real, a restauração da Casa do Douro pública e de inscrição obrigatória, apesar da “campanha terrorista” contra a decisão da Assembleia da República. “Nesta legislatura foi possível avançar e, mesmo agora no final, confirmar a aprovação da restauração da Casa do Douro pública e de inscrição obrigatória. As pressões para que tal acontecesse foram imensas”, afirmou o líder comunista, num comício em Vila Real.

A maioria parlamentar de esquerda aprovou a 5 de julho o diploma sobre a Casa do Douro, com algumas alterações, mas que mantém a natureza pública e a inscrição obrigatória. Um primeiro diploma conjunto (PS, PCP, BE e PEV) foi aprovado em abril e, em maio, devolvido pelo Presidente da República ao parlamento, que pediu “uma reflexão adicional”.

“Raras vezes assistimos a uma tal campanha terrorista contra uma decisão da Assembleia da República, tão organizada, em que estavam tão claros os elementos essenciais da ofensiva”, salientou.

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Jerónimo de Sousa referiu que, depois de, no anterior Governo, o PSD e o CDS terem extinguido uma “estrutura de mais de oito décadas ao serviço da defesa dos viticultores durienses”, foi possível aprovar uma reversão que “é essencial para a defesa de uma região onde a maioria dos viticultores são pequenos produtores”.

A Casa do Douro foi criada em 1932 e a natureza pública da instituição foi extinta em dezembro de 2014, durante o Governo PSD/CDS-PP.

O secretário-geral do PCP defendeu que a solução aprovada na Assembleia da República “garante uma ampla democraticidade do processo” e “permite, no futuro, devolver à Casa do Douro todas as competências históricas que lhe foram roubadas e pelas quais nunca foi ressarcida, como o cadastro ou a atribuição do benefício”. “Uma solução que permite fazer frente às grandes casas exportadoras e aos projetos de concentração da propriedade e da produção”, acrescentou.

Jerónimo de Sousa falava durante um comício de preparação para as eleições legislativas e onde foi apresentado oficialmente o primeiro candidato da CDU pelo círculo eleitoral de Vila Real, o médico de 54 anos Manuel Cunha. Em Vila Real, o líder comunista concentrou o seu discurso na região e nos problemas locais e destacou ainda a Linha do Corgo, que ligava as cidades de Vila Real e Peso da Régua e foi encerrada há 10 anos.

“Muito se tem falado na defesa do meio ambiente. Nós aqui estamos, mais uma vez, a afirmar que a defesa do transporte coletivo público é uma medida fundamental nessa direção. Avançar é, como tem afirmado o PEV com toda a insistência e também o PCP, reabrir a Linha do Corgo, mantendo aquelas populações ligadas e atraindo nova gente”, sublinhou.

Jerónimo de Sousa defendeu ainda o “combate à interioridade e o mundo rural” e frisou que “só é possível avançar com a CDU mais forte”, deixando, por isso, um apelo ao voto nas próximas eleições legislativas.

Manuel Cunha, o cabeça de lista da CDU por Vila Real, elencou os problemas do setor da saúde neste território, destacando a falta de médicos, a desqualificação do Hospital de Chaves e o encerramento do Hospital da Régua, que, ao contrário do que foi prometido, ainda não reabriu. O candidato falou ainda na luta da CDU contra as portagens nas autoestradas e elencou o “direito de sonhar” com a eleição, e o distrito contar, pela primeira vez, com um representante da CDU na Assembleia da República.