Os comentários feitos nas rádios, nas televisões e nos jornais apenas minutos depois do final do Benfica-P. Ferreira prendem-se com as respostas a três perguntas: “O Benfica foi demolidor?”; “o Benfica mereceu vencer por 5-0?”; “o Benfica está a jogar assim tão bem que o novo normal é agora golear qualquer que seja o adversário?”. A resposta a todas estas perguntas, embora nunca linear, nunca é um redondo sim. Tanto no domingo passado, com o Sporting, como este sábado, com o Paços, os encarnados não foram demolidores, não mereceram por inteiro vencer por 5-0 e não jogaram assim tão bem para justificar uma goleada tão díspar. Ainda assim, em dois jogos, o Benfica venceu duas vezes por 5-0: e fazê-lo, principalmente tendo em conta que numa dessas partidas o adversário era o Sporting, nunca é fácil e merece elogios.

Em dois jogos oficiais em 2019/20, o Benfica leva dez golos marcados, zero golos sofridos, duas vitórias e um título conquistado. Além disso, a equipa de Bruno Lage somou a sexta temporada consecutiva a vencer o primeiro jogo da Liga e alcançou mesmo o melhor resultado inaugural desses mesmos seis anos, já que até aqui a maior vitória tinha sido em 2015/16 perante o Estoril (4-0). Mesmo com uma entrada mais morna no jogo, tal como já tinha acontecido na Supertaça, o Benfica foi eficaz, aproveitou os erros do Paços, tomou conta da partida e só precisou de acelerar a espaços depois de os pacenses ficarem reduzidos a dez elementos. A inteligência emocional dos jogadores encarnados, que sabem lidar com mestria com 20 ou 25 minutos menos conseguidos e não entrar em pânico ou em sublevações do coração face à cabeça, é o ponto chave de uma equipa a quem tudo parece correr bem.

Afinal, Seferovic nem sequer estava a ter uma grande noite e marcou um golo. Afinal, Rafa passou algo ao lado da partida mas ia marcando e ninguém se lembra de que não fez uma grande exibição. Afinal, Raúl de Tomás saiu logo no início da segunda parte mas a memória seletiva obriga-nos a fixar simplesmente que foi o melhor elemento encarnado até ao primeiro golo. Além de tudo isto, Pizzi já leva três golos esta temporada, Nuno Tavares marcou um golo enorme e ofereceu dois, Chiquinho entrou de forma quase perfeita e Carlos Vinícius estreou-se a marcar menos de 10 minutos depois de entrar em campo.

Na conferência de imprensa depois do jogo, Bruno Lage garantiu que esta foi uma “vitória justa perante um adversário que complicou imenso”. “Com a lição bem estudada, a defender de forma diferente em ambos os flancos e a travar o nosso jogo interior. Mas depois daquele golo fantástico do Nuno estivemos melhor e conseguimos abrir mais espaços. Esse primeiro golo desbloqueou. Foi uma exibição bem conseguida, com um resultado muito agradável. Mas ainda agora começou e temos de continuar a demonstrar qualidade”, acrescentou o treinador encarnado, que comentou ainda a opção de ter colocado Samaris e não Taarabt no lugar do lesionado Gabriel.

“A malta fala muito. É muita televisão e muito jornal. Mas é bom porque fala-se de questões táticas. O Samaris foi a opção. As pessoas não viram os jogos à porta fechada e foi por isso que o Samaris jogou. Já levámos 11 jogos e tive de analisar vários jogadores e perceber como poderiam jogar noutras posições. Florentino e Samaris foi a dupla que terminou o Campeonato no ano passado. Quem joga é quem trabalha, quem luta e quem treina bem”, sublinhou Bruno Lage.

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