Patrick Swayze morreu há dez anos. Imortalizado pelo filme “Dança Comigo” (“Dirty Dancing”), de 1987, é agora recordado num documentário que estreou nos Estados Unidos, no último domingo. Entre amigos e colegas que trabalharam de perto com ele, destacam-se as declarações de Lisa Niemi, com quem o ator permaneceu casado desde 1975 e até à data da sua morte, em setembro de 2009. Aos 63 anos, a escritora faz revelações surpreendentes sobre a relação de Swayze com mãe.

Coreógrafa e dona da Houston Jazz Ballet Company, Patsy Swayze era professora do próprio filho. Nessa convivência, a disciplina e o perfecionismo acabariam por resultar em abuso físico. “Ela era um claro exemplo do que acontece às famílias num ciclo de abuso. Ela conseguia ser muito violenta, mas isso não era nada ao pé do que passou na infância e das histórias que ouvi sobre o que viveu com a própria mãe”, revela Lisa Niemi, que conheceu o futuro marido quando tinha apenas 15 anos, nessa mesma escola de dança, no Texas.

O pai, Jesse Swayze, terá mesmo chegado a fazer um ultimato — o divórcio seria um desfecho inevitável, caso continuasse a bater no filho. “Ela nunca mais lhe bateu depois disso”, contou Lisa à revista People. Quando saiu de casa, Patrick, que era o segundo de cinco irmãos, “ficou bastante consciente dos aspetos positivos e negativos de como havia sida criado”, completou a viúva do ator. “Quando alguém exerce uma pressão tão grande, como a mãe fez com ele, algumas pessoas afundam. Mas neste caso, isso fê-lo lutar ainda mais”, termina.

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Niemi explica ainda que a relação entre os dois melhorou com o tempo. “A Patsy podia ser extremamente crítica e negativa. Mas ela percebeu que, se era para ficar por perto, tinha de ser um pouco mais simpática, então foi o que ela fez”, recorda a mesma fonte. Patsy Swayze morreu aos 86 anos, quatro anos depois de o filho ter sucumbido a um cancro do pâncreas, sem nunca ter feito qualquer referência  às situações de abuso. “Era uma mulher complicada, intensa e uma força espantosa. O Patrick amava-a e respeitava-a”, conclui.

Patrick Swayze e Lisa Niemi, nos Costume Designers Guild Awards, em fevereiro de 2007 © Mark Mainz/Getty Images for CDG

Escrito e realizado por Adrian Buitenhuis, o documentário “I Am Patrick Swayze” conta com testemunhos de Demi Moore, Sam Elliot, C. Thomas Howell e Jennifer Grey, a Baby de “Dança Comigo”. “O Patrick atuava como se tivesse algo a provar. Era um ginasta, um cowboy e um bailarino”, refere o ator Rob Lowe, durante o filme. “Ele era fervilhante e divertido. Assim que ficava sozinho, decaía”, afirma Lisa Niemi. “Tenho estes demónios às voltas dentro de mim. Tenho feito tudo a pensar que me vou livrar deles, mas não sei se alguma vez vou conseguir”, resume o próprio, num trecho incluído no novo filme.

Depois de uma infância problemática, Patrick veio a defrontar-se com a dependência de álcool, já na idade adulta. Em meados dos anos 90, num dos seus grandes picos de popularidade, frequentou várias clínicas de reabilitação. As recaídas viriam durante os anos seguintes. Ao The Times, poucos meses após a morte do ator, Lisa falou numa “personalidade diferente”, efeito da bebida. “Era o melhor homem à face da terra, a menos que bebesse um copo”, revelou. Em 2005, a escritora abandonou a casa onde viviam. Com a separação iminente, o ator viria a submeter-se a um último tratamento de desintoxicação, que fez com que passasse os últimos anos da sua vida sem beber.

Com Demi Moore, no filme “Ghost – Espírito do Amor”, de 1990 © Paramount/Getty Images

Patrick Swayze teria, hoje, 67 anos. Durante mais de um ano e meio, lutou contra a doença que lhe foi diagnosticada no início de 2008. Lisa Niemi voltou a casar em 2014 e mudou-se para a Florida. “Quando superas a dor extrema de perder alguém que amas, na realidade, aproximas-te de uma forma diferente”, confessou à People.