Um deputado da Coreia do Sul está a ser fortemente criticado depois de sugerir que uma professora universitária e a primeira mulher a assumir a chefia da Comissão Nacional do Comércio sul-coreano estaria a falhar “com a obrigação à nação” por não ter filhos, noticia o The Guardian e outros jornais internacionais.
Jeong Kab-yoon, da oposição conservadora do partido Liberty Korea (LKP, em ingês), disse que Joh Sung-wook, uma professora universitária de economia, apostara na carreira profissional sem pensar nos rácios de natalidade do país.
Estou ciente de que ainda está solteira, e o maior problema da Coreia do Sul é que mulheres não estão a conceber crianças. A senhora tem um bom currículo, mas cumpra com as suas obrigações , por favor”, disse Jeong aquando da comemoração da confirmação ao cargo, neste domingo.
Joh é professora de economia na Universidade Nacional de Seoul, e ao ouvir o político, sorriu de maneira desconcertada, sem responder. Nas redes sociais, a repercussão foi grande, e diversas pessoas passaram a defender Joh, alegando que o conservador está a violar os direitos da professora.
Jeong Kab-yoon, a 5-time lawmaker from the Liberty Korea Party, sparks an outcry for scolding Joh Sung-wook, an unmarried academic who is in her mid-50s, for not having children. https://t.co/Bl88uCvSri
— Rappler (@rapplerdotcom) September 2, 2019
This is disaster for women in South Korea. This is one of the reasons why they want to come and work in Japan.
S. Korea lawmaker grills official nominee for not giving birth https://t.co/Ip1OTQ3MOR via @FRANCE24
— passion blue (@passionblue4) September 2, 2019
A Coreia do Sul é um dos países com os níveis de natalidade mais baixos do mundo, tendo registado 0.98 nascimentos por mulher em 2018. O número expectável para que se mantenha uma população estável é de 2.1.
O governo sul-coreano encoraja os casais a terem filhos investindo mais de mil milhões de dólares em subsídios para o período de gestação e serviços diários de cuidados com os bebés. Contudo, muitas mulheres alegam estar relutantes em terem filhos já que a rotina laboral as impede de equilibrar a vida profissional com a familiar.
Jeong acabaria por pedir desculpas pelo discurso, e reiterou que a sua intenção foi frisar a situação crítica da natalidade sul-coreana, e não atacá-la pessoalmente. Deputadas do partido democrata Democratic Party of Korea (DPK, em inglês) disseram ao jornal The Korea Times que Jeong não devia pertencer à Assembleia Nacional, dizendo que “[ele] aparenta acreditar que mulheres a parir e a cuidar de crianças a crescerem é a única maneira de contribuir com o país. Não tem condições para ser um deputado, responsável pela elaboração de leis na sociedade atual”.