O Governo de Moçambique anunciou esta terça feira que dispõe de cerca de metade dos 25 milhões de euros que estima necessitar para enfrentar a próxima época chuvosa, depois de a última ter sido uma das mais ferozes de sempre.

O país é frequentemente assolado por ciclones, mas raramente com a força destruidora do Idai, em março, e do Kenneth, em abril: juntos provocaram 649 mortes e destruíram diversas infraestruturas.

“Em termos das necessidades estimadas, elevam-se a pouco mais de 1,7 mil milhões de meticais [cerca de 25 milhões de euros]” e “está garantido” um montante de “pouco mais de 900 milhões de meticais [13 milhões de euros]” do Orçamento do Estado, referiu Ana Comoana, porta-voz do conselho de ministros.

Aquela responsável falava do plano indicativo das autoridades para estarem em prontidão face a qualquer ameaça, ou seja, são outras contas além das verbas necessárias para assistência humanitária e reconstrução após os danos provocados pelos ciclones deste ano.

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Se fosse necessário, a verba já garantida na fase de vigilância para a época de chuvas 2019/20 serviria para prestar assistência a cerca de 50 mil pessoas, acrescentou.

Entre as ações de prontidão aprovadas pelo Governo estão o levantamento da situação de diques de defesa contra cheias, o reforço de sistemas de controlo e de vigilância epidemiológica, além de ações de treino das equipas técnicas de assistência.

O executivo chegou ao total estimado de 25 milhões de euros somando as verbas necessárias para bens materiais, tais como alimentos, material de abrigo e ‘kits’ de assistência sanitária, mas não só.

“A lista de ações é extensa”, referiu Ana Comoana, e inclui, também sensibilização da população para os riscos meteorológicos e preparação das equipas que devem estar junto das comunidades, medidas que estão em curso.

“Todo o sistema está ativado para que, logo que se mostre necessário, entre em ação”, resumiu.

“Esperamos que a experiência anterior sirva também de lição para que as nossas populações acatem as mensagens que muitas vezes são difundidas pelos meios de comunicação social e Instituto Nacional de Gestão de Calamidades “, concluiu a porta-voz.

A época chuvosa em Moçambique tem início em novembro e estende-se até abril.

Mais de meio milhão de pessoas ainda vivem em locais destruídos ou danificados pelos ciclones, enquanto outros 70.000 permanecem em centros de acomodação de emergência, segundo o mais recente relatório da Organização Internacional das Migrações, redigido em julho e que alerta para a falta de condições para enfrentar a nova época chuvosa.