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Portugueses já foram resgatados da gruta. "Estávamos tranquilos. Iríamos sair pelo nosso pé"

Este artigo tem mais de 4 anos

"Fico contente porque daqui a pouco vou poder telefonar aos meus pais, dizer que está tudo bem", referiu um dos portugueses à saída da gruta. Todos estão bem, mas cansados.

Quatro portugueses ficaram retidos numa gruta espanhola desde sábado passado
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Quatro portugueses ficaram retidos numa gruta espanhola desde sábado passado

EPA

Quatro portugueses ficaram retidos numa gruta espanhola desde sábado passado

EPA

Os quatro portugueses que estavam presos numa gruta desde sábado foram resgatados esta segunda-feira por volta das 19h locais (18h em Lisboa). “Ficámos bloqueados”, disse á saída um dos espeleólogos em declarações à SIC Notícias, assegurando que estão todos bem e que “ainda existiam reservas para mais tempo, se fosse necessário”. “Fico contente porque daqui a pouco vou poder telefonar aos meus pais, dizer que está tudo bem”, referiu ainda.

A experiência nestas situações, conta, ajudou a gerir a situação: “Estamos bem, tanto a nível físico como emocional”.  Segundo o 112 Cantabria, centro de gestão de emergências da localidade, os portugueses foram localizados às 13h45 locais, estão bem, mas muito cansados. A notícia foi avançada na página oficial do Twitter. Segundo a imprensa local, os portugueses estavam na zona conhecida como os Lagos.

Depois do resgate, Paula Fernandéz, conselheira da presidência do Governo da Cantábria, referiu aos jornalistas que houve um acompanhamento constante, que tudo correu como previsto e que agora é preciso deixar os portugueses “um pouco no seu espaço”. “Está previsto que tomem até uma sopa quente de galinha”, acrescentou.

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Os quatro portugueses estavam retidos na gruta espanhola desde sábado passado, depois de o nível de água ter subido com a chuva e ter obstruído o caminho de saída da Cueto-Coventosa. São todos espeleólogos muito experientes, com idades que rondam os 30 anos, e pertencem ao Clube de Montanhismo Alto Relevo de Valongo. Segundo o Jornal de Notícias a expedição foi organizada por um deles, Carlos Mendes, natural de Guimarães, que administra a página do Facebook do Clube, e contou com a presença do dentista Luís Sousa, residente na Póvoa Varzim, Daniel Pinto, o único que é de Valongo, e António Afonso que é das Caldas da Rainha e trabalha para uma empresa ligada ao turismo.

Em declarações à TVI24, as equipas de resgate referiram que esta  “foi uma missão complexa, mas felizmente correu tudo bem”. O importante, reforçou um dos membros, era conseguir resgatar os portugueses da gruta ainda esta segunda-feira, uma vez que está prevista chuva muito forte para esta terça-feira. “A viagem foi repartida, havia uma equipa médica, colocaram-se umas cordas para que todos saíssem à vez”, explicou. As equipas de resgate estavam no local desde domingo à tarde a preparar toda a operação.

“Estávamos tranquilos. Iríamos sair pelo nosso pé sem qualquer problema”

António Afonso foi um dos portugueses que esteve dentro da gruta. Com ar tranquilo, falou aos jornalistas para explicar o que aconteceu. “Ficamos à espera que o nível da água baixasse para tentar sair, apesar de pensarmos que passado umas horas iria ser acionado o resgate”, explicou, voltando a sublinhar que a principal preocupação era mesmo a falta de notícias para os familiares.

Os profissionais estão “um pouco cansados”, mas já tinham tudo coordenado com as equipas de resgate do local ainda antes e os mantimentos que tinham ainda seriam suficientes para mais três dias dentro da gruta. “Fomos surpreendidos pelo tempo. Fomos vendo os boletins, porque não queríamos correr riscos, e nada apontava para que houvesse a subida da água”, referiu ainda.

Frio de 8ºC, água perigosa e um resgate de até 18 horas. O que os portugueses enfrentam na gruta em Espanha

A equipa tentou “manter-se sempre o mais quente possível”, através de, por exemplo, mantas térmicas. “Estávamos tranquilos. Iríamos sair pelo nosso pé sem qualquer problema”, garantiu, acrescentando que a equipa do exterior “está de parabéns” por ter cumprido todos os procedimentos. E vão voltar ao local? “Sim, porque não?”, respondeu de imediato António Afonso.

Foi por volta das 13h00, hora local, que a equipa de socorros conseguiu finalmente localizar o ponto onde os espeleólogos portugueses procuraram refúgio. Paula Fernandéz, conselheira da presidência do Governo da Cantábria e que estava presente no local, lembrava então aos jornalistas que os portugueses são muito experientes e esperava que, à medida que a água fosse baixando, eles se aproximassem do local onde estavam as equipas de socorro.

“Temos esperança que tudo se resolva ao longo do dia”, dizia então a governante espanhola. “Ao deixar de chover baixou o nível da água, mas baixa muito lentamente”, acrescentou, dizendo ainda que considerava imprescindível que se conseguisse resgatar os portugueses esta segunda-feira — como veio a acontecer — já que na terça “a situação piorará” com o aumento de precipitação. Tudo indicava que os espeleólogos, explicou, estavam numa zona anterior a Pérdida, mas depois de la Playa. O acampamento das equipas de socorro estava na zona dos três lagos (ver mapa). Agora, sabe-se que foi bastante perto da zona do acampamento da equipa de socorros que se encontravam os portugueses.

Pouco depois destas declarações, um espeleosocorrista, da equipa de resgate, falou aos jornalistas dizendo que quatro membros da equipa se preparavam para avançar na direção dos portugueses. Do posto de comando avançado, foram dadas instruções para que mais duas pessoas se juntassem à equipa de socorro, de forma a estarem seis elementos no interior da gruta.

O sistema Cueto-Conventosa. A equipa de resgate instalou um ponto de acampamento na entrada da área dos três lagos. Pensa-se que os portugueses estão na zona anterior a Pérdida, depois de passar la Playa

Ao início da manhã, na sua página de Facebook, a equipa de resgate partilhou um vídeo com a força da água que impedia o acesso aos portugueses. A legenda: “A natureza não se vence, obedece-se a ela. Quando Coventosa nos disser, poderemos passar.”

[Vídeo partilhado pela equipa de socorro Espeleosocorro Cántabro Esocan que resgatou os portugueses]

Durante a manhã de segunda-feira, contactada pelo Observador, a Embaixada de Portugal em Madrid disse estar a acompanhar o caso de perto. Já Vítor Amendoeira, presidente da Federação Portuguesa de Espeleologia, dizia acreditar que os quatros portugueses estavam em segurança, à espera de ser resgatados, como se veio a verificar. No entanto, a equipa presa na gruta mais profunda da Europa não tinha qualquer contacto com o exterior, o que fazia com que todas as afirmações não passassem de suposições.

[Ouça aqui Vítor Amendoeira em direto no noticiário das 9h00 da Rádio Observador]

As notícias das 9h

Assim que foi dado o alarme, no domingo à noite, foi acionada uma equipa de resgate para localizar os quatro espeleólogos portugueses. Não é a primeira vez que uma situação destas ocorre: há três meses, no verão, três espeleólogas desapareceram na mesma gruta espanhola, localizada no vale do rio Asón, no município de Arredondo, Cantábria. No final, saíram da gruta sãs e salvas. Durante a manhã, as autoridades diziam ter toda a situação controlada, esperando apenas que o nível das águas baixasse.

Estamos à espera que baixem os níveis da água, para depois subirmos ao encontro dos quatro portugueses que, em princípio, estão bem e à nossa espera”, dizia Martín González Hierro, da Fundação Espeleosocorro Cántabro (ESOCAN), citada pela agência Lusa, que se encontrava no local desde domingo à noite.

Também Vítor Amendoeira, presidente da Federação Portuguesa de Espeleologia, que esteve em direto na Rádio Observador na manhã de segunda-feira, desvalorizou a situação. “Não é preocupante, desde que seja pela situação da água”, disse. “Eles vão fazer um ponto quente para eles próprios, vão vestir roupa mais quente, vão-se alimentar e manter-se atentos e alertas para se as águas baixarem poderem continuar”, explicou ao Observador.

A 19 de outubro, o Alto Relevo — Clube de Montanhismo publicou na sua página de Facebook fotos da equipa que se deslocou a Espanha e que é constituída por sete elementos. Quatro entraram na gruta, três ficaram no exterior como grupo de apoio. Não se sabe se os quatro espeleólogos que surgem na foto são os que ficaram retidos na gruta

Vítor Amendoeira, que conhece bem a gruta espanhola, explicou o que se poderá ter passado durante esta travessia que implica entrar por um ponto mais alto e sair por outro mais abaixo, pela nascente do rio. “Há uma travessia, uma descida de 500 metros em altura e depois faz-se alguns quilómetros, o que pode demorar 24 horas. Se a precipitação mudar, os caudais aumentam e há uma zona que é impossível transpor quando isso acontece. É preciso parar e esperar.”

E é exatamente por a saída ser pela linha de água que os portugueses terão ficado presos. Mas Vítor Amendoeira ressalva que espeleólogos experientes estão preparados para lidar com uma situação destas. O interesse da travessia em questão, explicou, prende-se com o lado desportivo da espeleologia.

Os quatro espeleólogos não estavam sozinhos. Amigos “tranquilos”

Os quatro portugueses pertencem ao Clube de Montanhismo Alto Relevo de Valongo, região do Porto, e são todos espeleólogos experientes e as suas idades andam à roda dos 30 anos. No entanto, na página de Facebook do clube foram partilhadas fotografias, a 19 de outubro, da equipa que se deslocou a Espanha. O grupo, que tinha programado a viagem à gruta entre sexta-feira e segunda, é mais vasta: são sete elementos no total, três dos quais pertencem à equipa de apoio que ficou no exterior da gruta.

No local, o El Diario Montañes, falou com os três espeleólogos portugueses da equipa de apoio, sem nunca avançar os seus nomes, depois de estes terem recebidos as informações que eram então as mais recentes sobre o resgate em curso. “Muito tranquilos” era como os três diziam estar, ressalvando que este tipo de contratempo está dentro da “normalidade” daquilo que espera da espeleologia. O seu otimismo é máximo, escrevia o jornal espanhol, ainda mais depois de falarem com as equipas de socorro. “Acreditamos que será fácil o resgate. Esperamos almoçar com os nossos amigos”, disseram, acrescentando que os colegas estavam perfeitamente equipados. “Levam roupa, arneses, água, comida e são especialistas”, acrescentaram.  

“São todos espeleólogos muito experientes com idades de cerca de 30 anos, mas não estavam à espera do contratempo causado pela subida do nível das águas”, explicou Vítor Gandra, coordenador da secção de espeleologia do Clube de Montanhismo Alto Relevo, que ainda esta segunda-feira viajou para Espanha para acompanhar os trabalhos de resgate. “O nível da água no interior da gruta subiu muito e isso não estava previsto pela equipa que desceu no sábado”, acrescentou, citado pela agência Lusa.

Em declarações à TVI24, o vice-presidente do clube, João Moutinho explicou que, normalmente, a travessia desta gruta é completada em 30 horas. Quando, no final dessa janela temporal, a equipa não regressou, os seus colegas que ficaram no exterior alertaram as autoridades.

“São espeleólogos experientes e na sua preparação prevêem cenários como estes”, explicou, acrescentando que as equipas levam sempre reservas alimentares extra e fatos térmicos para lidar com este tipo de situação. Apesar de o problema ser o nível da água, João Moutinho lembrou que esta cavidade em concreto é seca no interior e tem uma temperatura amena. “Assumimos que estarão em condições de segurança e apenas a aguardar a descida do nível de água para poderem sair”, concluiu.

De manhã, o serviço de emergência do governo da Cantábria, que coordenou a operação, informou em comunicado que a água estava a baixar no interior da gruta a uma velocidade de 10 centímetros por hora, muito mais lentamente do que se previa inicialmente.

Na entrada da área dos três lagos, a equipa de resgate instalou um ponto de acampamento, aguardando a diminuição do nível da água.

Como aconteceu

Os quatro portugueses entraram no sábado pela entrada de Cueto às 11h00 (10h00 em Lisboa), de acordo com o serviço de emergência espanhol, citado pela EFE. Na ausência de notícias dos espeleólogos, outros três companheiros entraram ao meio-dia (11h00 em Lisboa) de domingo por Coventosa para ver se os encontravam, mas o elevado nível da água impossibilitou que prosseguissem a marcha.

Assim, às 16h30 (15h30 em Lisboa), notificaram o centro de coordenação do 112, a partir do qual foi mobilizado o dispositivo de resgate. A operação integra a equipa de espeleologia da Cantábria (ESOCAN), além de técnicos da Direção Geral do Interior do governo da Cantábria, agentes da Guarda Civil e voluntários da Associação de Proteção Civil de Arredondo.

Em julho passado, três espeleólogas desapareceram na mesma gruta espanhola. Depois de terem entrado na Cueto-Coventosa num sábado, as três mulheres desorientaram-se, e acabariam por ser resgatadas só na segunda-feira seguinte.

Na altura, o El Mundo divulgou um vídeo onde mostrava como é por dentro a gruta mais profunda da Europa.

O autarca de Arredondo, Leoncio Carrascal, reconheceu esta segunda-feira que a situação atual é diferente da vivida no verão passado por causa da chuva que inundou a gruta. Em declarações à agência Efe, sublinhou que, apesar disso, a situação não é novidade: “Já aconteceu outras vezes, quando se está dentro da gruta e o caudal sobe é difícil sair por causa da quantidade de água.”

No verão, o presidente da Cantábria foi muito criticado pelas declarações que fez depois das três mulheres catalãs serem resgatadas: “Grande alegria, mas atenção não podemos estar todos os dias a gastar dinheiro público para aventureiros. Na Cantábria há grutas de todo o tipo: com gravuras, para cadeiras de rodas, grutas de risco limitado, como aquelas que eu frequento. Coventosa é para gente especializada.”

(Em atualização)

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