Milhares de pessoas protestaram esta segunda-feira no Sudão para pedir a dissolução do partido do ex-Presidente Omar al-Bashir e o afastamento de antigos dirigentes das novas instituições criadas após a sua destituição, em abril passado.

O protesto, que foi convocado pelas Forças da Liberdade e da Mudança, a principal coligação de grupos civis e partidos que liderou a revolução sudanesa, pretende demonstrar apoio ao Governo transitório e exigir que sejam realizadas todas as exigências da revolta popular, disse o porta-voz do movimento, Satiaa al Hach.

Os manifestantes saíram às ruas na capital, Cartum, e na cidade vizinha de Omdurmã (a maior e mais populosa cidade do Sudão), gritando lemas como “Não queremos o Congresso Nacional”, nome do partido de Al Bashir, e “O povo quer justiça e sustento”. Também houve protestos em outras regiões do Sudão, que foram especialmente participadas na cidade de Al Abyad, no estado do Cordofão do Norte (oeste), relataram testemunhas à agência espanhola, Efe.

Desde esta manhã, o exército sudanês reforçou a segurança na capital, encerrando as principais ruas próximas da sede das Forças Armadas, em cujos arredores colocaram um grande número de tanques e tropas. O exército advertiu os cidadãos, num comunicado, para que se mantenham afastados das instalações militares em Cartum e noutros estados do país.

Os manifestantes escolheram esta segunda-feira, quando se comemora a revolução de 1964, em que o povo sudanês fez cair o general Ibrahim Abboud, abrindo caminho para eleições democráticas, dois anos depois, nas quais foi eleito como primeiro-ministro Sadiq al-Mahdi, líder do partido Al Umma.

O porta-voz da Associação de Profissionais sudanesa, principal componente das Forças da Liberdade e da Mudança, Ismail Tach, disse à Efe que os manifestantes exigem “a dissolução do partido governante de al Bashir” e a “eliminação do Estado profundo das instituições estatais”. Tach referia-se ao regime do antigo ditador, que esteve no poder durante 30 anos, até ter sido afastado pelos militares, em 11 de abril, após quase quatro meses de protestos nas ruas.

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