Em 11 dos 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa (AML) fazer um novo contrato de arrendamento pode representar quase metade (46%) do rendimento médio das famílias, segundo o estudo “Tendências recentes de segregação habitacional na área metropolitana de Lisboa”, de João Seixas e Gonçalo Antunes, investigadores na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Este valor supera as recomendações internacionais.

Os investigadores usaram como período de referência o início de 2016 e o final de 2018 e analisaram a evolução das rendas quer no arrendamento, quer na compra de habitação, noticia o Público. Para os valores dos rendimentos das famílias e das rendas praticadas em cada município usaram os dados do Instituto Nacional de Estatística.

Para um rendimento médio familiar de 1.524 euros, a taxa de esforço para pagar o alojamento, calculada para o final de 2018, era superior a 35%, o limite máximo recomendado internacionalmente, em praticamente em todas as freguesias de Lisboa e na grande maioria dos concelhos da AML.

Nos concelhos analisados, o arrendamento levava, em geral, uma fatia maior do rendimento mensal do que o pagamento do crédito a habitação. Em Lisboa, por exemplo, no final de 2018, a taxa de esforço para comprar casa era de 58% e para arrendar 67%, em relação ao rendimento médio das famílias. Além de Lisboa, Oeiras e Cascais eram os concelhos com a maior taxa de esforço no arrendamento.

Entre 2016 e 2018, alguns dos municípios mostraram uma grande subida da média da taxa de esforço na compra de casa: de 38% para 58% em Lisboa, de 38% para 53% em Cascais e de 29% para 44% em Oeiras. A freguesia lisboeta de Santo António representa um extremo com uma taxa de esforço de 91% para uma família com rendimento médio.

Para os investigadores, um dos pontos de preocupação é que as famílias com menores rendimentos — algumas com ordenados inferiores aos valores das rendas praticadas em muitos destes concelhos — estão a ser empurradas para locais menos centrais, sobretudo na margem sul do Tejo. Barreiro e Moita são os concelhos com menor taxa de esforço em relação ao rendimento médio.

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