A presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou esta sexta-feira que o “choque do ‘Brexit'” reforçou a União Europeia (UE).

“Por paradoxal que pareça, o choque do ‘Brexit’ reforçou a nossa união. Porque nos mostrou não só o que significa deixar a UE, mas também que cada país ganha em fazer parte da UE”, disse a alemã num “Discurso da Europa” na Porta de Brandenburgo, em Berlim, na véspera das celebrações dos 30 anos da queda do Muro de Berlim.

“Com todas as diferenças que temos, os 27 estão unidos nas negociações do ‘Brexit’. Sem cinismo, sem maldade, numa posição comum consolidada”, frisou.

Von der Leyen repetiu que todos os 27 lamentam a saída do Reino Unido da UE e assegurou que, no entanto, “a experiência do ‘Brexit’ mostrou a muitos dos que duvidavam da UE [os benefícios] que têm na UE”.

A presidente da Comissão Europeia defendeu também a NATO como uma instituição “notável”, depois das críticas do Presidente francês, Emmanuel Macron, que afirmou que a Aliança Atlântica está “em morte cerebral”. “Apesar da agitação da última semana, considero que a NATO mostrou ser notável como escudo protetor da liberdade”, disse.

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“A História da Europa não pode ser contada sem a NATO”, acrescentou, insistindo no facto de se tratar da “mais poderosa aliança de defesa do mundo”.

Von der Leyen frisou que a Aliança Atlântica será o que os seus membros quiserem que seja e defendeu a sua vigência e a sua função.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou na quinta-feira que a NATO está “em morte cerebral”, apontando a falta de coordenação entre os Estados Unidos e a Europa e o comportamento unilateral da Turquia, membro da Aliança, na Síria.

É necessário “clarificar quais são as finalidades estratégicas da NATO”, disse Macron numa entrevista à The Economist.

Em visita à Alemanha, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou também que a NATO corre “o risco de se tornar obsoleta” se os dirigentes políticos não cumprirem os seus compromissos, desde logo de financiamento da organização.

Mas ainda na quinta-feira, numa reação especialmente firme, pouco habitual em relação ao seu principal parceiro na Europa, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou considerar a visão de Macron sobre a aliança “radical”.

“Não penso que seja necessário um julgamento intempestivo, mesmo que tenhamos problemas, mesmo que tenhamos de nos repensar”, disse Merkel.