Na altura em que o canal do Suez cumpre 150 anos, o Egito sublinha o caráter “essencial” desta via navegável, inaugurada a 17 de novembro de 1869 e que tem vindo a expandir-se e modernizar-se. O canal que liga o Mediterrâneo ao mar Vermelho “tornou-se essencial para o Egito e outros países”, assegura o almirante Ossama Rabie, presidente da Autoridade do Canal do Suez (SCA na sigla em inglês), à agência France Presse.

Mais do que falar do aniversário, sem grandes celebrações, as autoridades preferem sublinhar o desempenho da via, pela qual passa aproximadamente 10% do comércio marítimo internacional e que gera vários milhares de milhões de dólares de receita anualmente.

Ossama Rabie reconhece que o diplomata francês Ferdinand de Lesseps “teve o mérito de apresentar a ideia” da escavação do canal, mas salienta que foi o “génio” do povo egípcio que deu vida ao projeto. A escavação do canal, “com ferramentas rudimentares”, foi um “milagre”, considera o almirante.

O presidente da SCA destaca o novo troço, designado de “novo canal do Suez” e inaugurado em 2015, que duplica uma parte da via marítima, adiantando que permitiu que o tempo de trânsito diminuísse de 22 para 11 horas e que o número de navios por dia aumentasse de 40 a 45 para 60 a 65.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Aquando da sua inauguração o canal tinha 164 quilómetros, uma profundidade de oito metros e permitia a passagem de navios de até 5.000 toneladas e 22 pés de calado (6,7 metros, profundidade da parte submersa).

Acompanhando a evolução da frota mundial, as suas dimensões irão aumentando até atingir em 2015 os 193,30 quilómetros de extensão e os 24 metros de profundidade. O canal é hoje passagem de navios que podem ter até 240.000 toneladas e 66 pés de calado (20,1 metros).

As autoridades prometeram também desenvolver a península do Sinai, na margem oriental do canal, tendo escavado seis túneis sob ele “para ir e vir mais facilmente do Sinai”, disse Rabie. “Agora o acesso é fácil para as pessoas, entre as quais os investidores”, adiantou.

Por outro lado, com a Zona Económica do Canal do Suez (SC Zone), o Estado egípcio pretende desenvolver a zona à volta da via, referindo o almirante que “numerosos projetos existem ao longo das margens”, desde o abastecimento de navios a farmacêuticas e outras fábricas como de montagem de automóveis.

O antigo chefe do Estado-Maior da Marinha egípcia sublinhou igualmente que o canal não tem problemas de segurança, sendo esta garantida pelo conjunto das forças armadas. Rabie adiantou que as operações do exército contra grupos armados ativos no norte do Sinai “não afetaram” as atividades do canal.