Com o título mundial de Fórmula 1 totalmente decidido a favor de Lewis Hamilton, com o título mundial de construtores totalmente decidido a favor da Mercedes, como próprio segundo lugar da classificação decidido a favor de Valtteri Bottas, a única coisa que ainda deixava e provocava algum entusiasmo à entrada para o penúltimo Grande Prémio da temporada, no Brasil, era mesmo o terceiro lugar. Com Leclerc e Vettel, os dois Ferrari, separados por 19 pontos e Max Verstappen no meio, a 14 do monegasco, o último lugar do pódio da lista geral de pilotos pode ainda cair para a scuderia italiana ou para a Red Bull.

Este fim de semana, no mítico Grande Prémio do Brasil, Verstappen dava um passo de gigante rumo a pontos que se podiam tornar decisivos ao conquistar a pole position, a segunda da conta pessoal esta temporada. O jovem holandês foi mais rápido do que Vettel, que também saía da primeira linha, e do  que Hamilton e Bottas, que completavam a segunda linha da grelha. Já Charles Leclerc, que registou o quarto melhor tempo em termos globais, caiu dez lugares no grid por ter trocado de motor e sabia logo no arranque que teria de realizar uma autêntica corrida de escalada.

Verstappen, que esta semana foi considerado por Fernando Alonso o melhor piloto da grelha atual da Fórmula 1, segurou a liderança no arranque e viu Hamilton ser mais rápido do que Vettel e subir a segundo pelo espelho retrovisor. O piloto da Red Bull e o da Mercedes pararam de forma consecutiva, com prioridade para o inglês, e revelaram uma estratégia que passava pelas duas paragens. Hamilton regressou à frente do holandês, Verstappen conseguiu uma ultrapassagem na reta da meta e foi novamente superado instantes depois mas conseguiu deixar para trás o inglês logo a seguir, recuperando depois a vantagem que tinha em relação a Vettel, Bottas e Albon quando estes também pararam. Mais atrás, Leclerc já era sexto, à frente de Pierre Gasly e atrás do segundo piloto da Red Bull.

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Antes da volta 45, Lewis Hamilton pediu à box — onde este domingo não estava o diretor Toto Wolff mas estava o antigo piloto Rubens Barrichello — para trocar de pneus: o objetivo do inglês era colocar em prática a estratégia que tantas vezes a Mercedes empreende quando se vê fora da liderança, em que troca de pneus já na segunda metade da corrida e tenta chegar à ultrapassagem numa zona DRS já numa fase derradeira da prova. Verstappen parou logo depois de Hamilton e conseguiu regressar à pista à frente do Mercedes, ainda que perdendo tempo, graças a uma segunda paragem que ficou abaixo dos dois segundos.

As paragens do Mercedes e do Red Bull deixaram os dois pilotos atrás de Vettel, que ainda só tinha parado uma vez. A liderança provisória do alemão da Ferrari durou pouco mais de cinco voltas, até este decidir também parar e atrás de Albon, e Hamilton já pedia mais potência à equipa através da comunicação rádio. Valtteri Bottas acabou por permitir a subida de Leclerc ao quarto lugar ao abandonar, naquela que foi a primeira desistência de um Mercedes esta temporada devido a problemas mecânicos, e as manobras de retirada do carro do finlandês motivaram a entrada em pista do safety car e o relançar da corrida.

Verstappen entrou imediatamente para as boxes para colocar um novo jogo de pneus e preparar o momento em que o safety car fosse levantado. No recomeçar da corrida, o holandês da Red Bull conseguiu recuperar a posição a Hamilton, beneficiar dos pneus novos e ainda ver o colega Alexander Albon ficar à frente tanto de Vettel como de Leclerc, servindo de tampão a eventuais investidas dos dois Ferrari. Verstappen alavancou a vantagem para Hamilton ao registar a sua melhor volta logo depois do fim do safety car e tornou difícil a tarefa do inglês, principalmente tendo em conta que os pneus do Red Bull eram novos e os do Mercedes já tinham mais de dez voltas.

Até ao final, os dois Ferrari anularam-se mutuamente: Leclerc ultrapassou Vettel, o alemão procurou recuperar a posição e o toque entre os dois acabou por furar um pneu de cada traseira, provocando o duplo abandono da scuderia italiana. Novamente em safety car, graças aos detritos deixados na pista, Hamilton foi às boxes para mudar de pneus e ir atrás do ponto da volta mais rápida, perdendo o segundo lugar para Albon e também o terceiro para Pierre Gasly, da Toro Rosso.

No recomeçar da corrida, Albon caiu no pelotão depois de um toque de Hamilton na traseira e Gasly subiu ao segundo lugar — na meta, Verstappen garantiu a vitória, Gasly ficou mesmo na segunda posição (naquele que foi o primeiro pódio do piloto francês) e Hamilton chegou em terceiro mas foi penalizado em cinco segundos depois do incidente com Albon e caiu para quarto. Em terceiro ficou Carlos Sainz, o espanhol que tinha saído da última posição da grelha e conseguiu, de forma quase inacreditável, ficar nos três primeiros e garantir o primeiro pódio da McLaren desde 2004 e o primeiro da própria carreira. Nas contas da classificação geral, Verstappen cavou um fosso importante na luta pelo terceiro lugar em relação a Leclerc e deixou Vettel praticamente alheado do pódio final.

Artigo atualizado às 20h09 com a informação de que Lewis Hamilton foi penalizado e ficou na quarta, e não na terceira, posição do Grande Prémio do Brasil