Um novo estudo da Universidade de Stanford afirma que os humanos podem ter arrefecido desde a segunda metade do século XIX e que a temperatura corporal já não é, em média, 37ºC. Após analisar cerca de 667 mil medições de temperatura em mais de 189 mil pessoas, todas norte-americanas, os investigadores concluíram que a temperatura corporal baixou desde os tempos da revolução industrial para, em média, 36,6ºC. Mas mais nos homens do que nas mulheres.

Esses dados foram recolhidos nos apontamentos feitos em três grupos: os Veteranos do Exército da União da Guerra Civil, um grupo com 23.710 pessoas estudado entre 1860 e 1940; a Investigação de Examinação de Saúde Nacional e Nutrição, que tinha 15.301 pessoas acompanhadas entre 1971 e 1975; e a Base de Dados Integrada de Investigação Translacional de Stanford, que tinha 150.280 cobaias analisadas entre 2007 e 2017.

Os cientistas compararam os dados obtidos entre os três grupos e, após adaptar os resultados conforme o sexo, o peso e a altura das cobaias, perceberam que “a temperatura corporal média em homens e mulheres diminuiu de forma repetida em 0,03ºC por década”. Os homens modernos são 0,59ºC mais frios que os homens nascido no início do século XIX. E as mulheres de agora são 0,32ºC mais frias que as nascidas nos anos 90 do século XIX.

Em declarações à New Scientist, Julie Parsonnet, uma das investigadoras deste estudo, explica que esta diferença pode estar relacionada com mudanças microbiológicas desde os tempos da revolução industrial até ao presente. “Desse ponto de vista, somos pessoas muito diferentes do que já fomos”, prossegue a cientista, porque, graças a avanços como as vacinas e os antibióticos, temos menos infeções, o nosso sistema imunitária não precisa de ser tão ativo e os tecidos corporais estão menos inflamados por terem menos ameaças para combater.

Este estudo só analisou as temperaturas corporais entre indivíduos nos Estados Unidos, por isso seria necessário fazer novas investigações noutros países para saber se essas alterações são transversais a toda a humanidade. No entanto, se os motivos apontados por Julie Parsonnet se verificarem, então todos os humanos estão mais frios agora do que eram há quase 200 anos.

Quem estabeleceu que a temperatura corporal média era 37ºC foi Carl Reinhold August Wunderlich, um médico alemão que examinou milhões de medidas tiradas a 25 mil pacientes em Leipzig em 1851. Questionada sobre essa diferença de 0,4ºC desde esses tempos até agora não seria apenas resultado de um aperfeiçoamento tecnológico dos termómetros, Julie Parsonnet responde que não: “O declínio que vimos das décadas de 1860 a 1960 é o mesmo declínio da década de 1960 até hoje. E eu acho que não há muita diferença nos termómetros entre os anos 1960 e a atualidade”, conclui.

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