Numa fase em que a Toyota continuava a apostar fortemente em veículos híbridos, mas alguns concorrentes já surgiam com propostas híbridas plug-in, recarregáveis através de uma ligação à rede eléctrica, a Toyota definiu os seus híbridos como “self charging”. Os noruegueses não gostaram do excesso de criatividade e baniram a publicidade.

Não sendo uma falsidade, usar a expressão “self charging” quando se refere a um híbrido não merece propriamente o prémio de rigor, especialmente porque, em última instância, a energia depende sempre da gasolina consumida pelo motor de combustão. É certo que esta tecnologia recarrega a pequena bateria sempre que se desacelera ou trava, seja na Toyota ou em qualquer outro fabricante, o que também acontece nos veículos equipados com sistema mild hybrid e com os híbridos plug-in. Até mesmo com os veículos 100% eléctricos.

A Toyota, que já podia ter começado a produzir híbridos plug-in – tecnologicamente são em tudo similares, mas com uma bateria maior (com 13 kWh em vez de 1,3 kWh) e um carregador interno –, optou por continuar a investir nos híbridos. E tudo porque assim não só garantia a redução das emissões de CO2 (é provavelmente o único fabricante que respeitou, em 2019, o limite de 95g/km que tem de atingir durante 2020), como conseguia propor veículos mais acessíveis, o que é bom para os clientes, e com margens de lucro superiores, o que é bom para a empresa.

A Lexus e a Toyota anunciam os seus “self-charging hybrids” em 2018, um pouco por todo o lado, o que deu origem a algumas reclamações. A mais violenta veio da Noruega, onde a entidade de defesa do consumidor local não só baniu a campanha, como colocou ainda algumas questões ao fabricante. O que motivou os noruegueses foi “a ideia defendida pelo anúncio de que a energia da bateria é gratuita, o que não condiz com a realidade, uma vez que apesar da desaceleração e travagem regenerativa, a gasolina é sempre necessária”.

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