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Luís Neto, o escritor que pegou na caneta mas deixou o novo capítulo a meio (a crónica do Sp. Braga-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

No primeiro jogo sem Bruno Fernandes, Neto evitou o golo de Galeno em cima da linha mas já não conseguiu parar o remate de Trincão. No final, o Sporting ainda não abriu um obrigatório novo capítulo.

O central português foi titular face ao castigo de Mathieu
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O central português foi titular face ao castigo de Mathieu

Getty Images

O central português foi titular face ao castigo de Mathieu

Getty Images

“Os capítulos maiores da minha vida, suas músicas e palavras, esqueci-os todos”. Era assim que Herberto Hélder explicava a forma como, no final da vida e quando estamos obviamente próximos da morte, nos esquecemos rapidamente das mais simbólicas janelas temporais que vivemos. Este domingo, em Braga, o Sporting estava obrigado a iniciar um novo capítulo — e a esquecer o que acabou na última semana e que foi simultaneamente um dos melhores da década que passou e o pior da história do clube.

Depois de avanços e recuos, de garantias de uma transferência e de certezas de que só aconteceria no verão, Bruno Fernandes deixou mesmo o Sporting e aterrou mesmo no Manchester United. Despediu-se na segunda-feira, com uma vitória em Alvalade frente ao Marítimo, o negócio ficou fechado na terça, viajou para Inglaterra na quarta, treinou quinta e sexta e estreou-se este sábado, no primeiro dia depois do Brexit que foi também o primeiro dia de Bruno em Old Trafford. Por cá, o Sporting passou o último dia do mercado a tentar contratar Taremi, o avançado iraniano do Rio Ave, mas não conseguiu assegurar um substituto para o lesionado Luiz Phellype: chegou Sporar, o brasileiro lesionou-se e os leões voltaram a ficar com apenas um avançado de raiz para lá de Pedro Mendes.

Ficha de jogo

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Sp. Braga-Sporting, 1-0

19.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal de Braga, em Braga

Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)

Sp. Braga: Matheus, Bruno Viana, David Carmo (Bruno Wilson, 72′), Wallace, Esgaio, Fransérgio, André Horta, Sequeira (Trincão, 67′), Ricardo Horta, Paulinho (Rui Fonte, 86′), Galeno

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, Wilson Eduardo, Diogo Viana, Samuel

Treinador: Rúben Amorim

Sporting: Maximiano, Ristovski (Gonzalo Plata, 84′), Coates, Neto, Borja, Wendel, Battaglia, Eduardo, Rafael Camacho (Jovane Cabral, 73′), Sporar, Acuña (Vietto, 66′)

Suplentes não utilizados: Diogo Sousa, Rosier, Jesé, Doumbia

Treinador: Silas

Golos: Trincão (76′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Coates (10′), a Ristovski (20′), a Battaglia (45′), a Wendel (45+1′), a Galeno (45+1′), a Neto (45+2′), a Acuña (51′), a Vietto (66′), a Paulinho (73′)

Entre Campeonato e Taça da Liga, o Sporting chegava este domingo a Braga com duas vitórias e três derrotas em cinco jogos em 2020. Os leões encontravam um Sp. Braga que vem de sete vitórias seguidas, da conquista da Taça da Liga e que carrega nas costas um ímpeto vencedor desde que Rúben Amorim chegou ao comando técnico — impulsionado no último dia do mercado com a venda de Trincão ao Barcelona a troco de 31 milhões de euros. Frente ao Sporting, depois de já terem vencido Silas e companhia na meia-final da Taça da Liga, os minhotos tinham a oportunidade de chegar ao terceiro lugar e confirmar um momento de forma assinalável. Do outro lado, os leões procuravam resguardar esse mesmo terceiro lugar e deixar patente, de alguma forma, que a equipa não é (ou não era) apenas Bruno Fernandes.

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No primeiro onze sem o capitão — que jogou este sábado mas um dia depois estava na bancada da Pedreira a assistir ao jogo da antiga equipa –, Silas alargava a habitual linha de três no meio-campo para uma linha de cinco: Battaglia era o elemento mais recuado, com Wendel e Eduardo uns metros à frente, e Acuña ocupava o corredor esquerdo, enquanto que Ristovski aparecia do lado direito. O argentino e o macedónio estavam responsáveis por fazer toda a ala leonina, enquanto que Borja atuava na posição de central ao lado de Neto e Coates. No ataque, Sporar estreava-se a titular ao lado de Rafael Camacho, enquanto que Vietto, já regressado de lesão, estava no banco de suplentes.

Frente a um Sp. Braga onde Trincão e Wilson Eduardo estavam no banco, enquanto que André Horta era titular pela primeira vez desde que Rúben Amorim substituiu Sá Pinto, o Sporting entrou melhor e poderia ter marcado logo durante o primeiro minuto, com Eduardo a rematar contra um defesa adversário depois de um boa jogada de Rafael Camacho na esquerda. Sporar ficou perto do golo ainda antes dos dez minutos, com um remate forte depois de um domínio no peito (9′), e os leões controlaram por completo o arranque do jogo, com uma pressão alta e forte que impedia as investidas adversárias. O avançar do relógio trouxe um crescimento natural por parte do Sp. Braga e uma quase inevitável quebra do Sporting, que depois de não conseguir abrir o marcador nas primeiras oportunidades baixou as linhas e permitiu um maior equilíbrio na partida.

A equipa de Rúben Amorim foi conquistando metros no meio-campo adversário muito graças às arrancadas de Sequeira e Esgaio, os dois elementos que desmontavam a defesa a cinco dos minhotos num meio-campo a cinco que colocava muita gente na frente na hora de atacar. Com Acuña e Ristovski muito subidos no terreno, os dois laterais iam aproveitando para entrar no espaço deixado por Coates de um lado e Borja do outro, apanhando a defesa leonina muitas vezes em inferioridade numérica. Os minhotos aproximaram-se do golo através de uma transição rápida que acabou sem remate (27′) e também de uma tentativa de Paulinho que Max recolheu (29′) e foram conquistando um notório ascendente na partida. Já perto do intervalo, Acuña e Ristovski assumiram quase em definitivo a posição de laterais e retiraram força e presença ao ataque da equipa de Silas, onde Sporar e Rafael Camacho andavam já muito isolados. No final da primeira parte, mantinha-se o nulo na Pedreira.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sp. Braga-Sporting:]

No início da segunda parte, sem qualquer alteração na equipa por parte de Silas, restava a dúvida sobre se o treinador leonino iria manter a lógica dos três centrais com os laterais muito subidos até ao final da partida. A bipolaridade de funções exigida a Acuña e a Ristovski estava a esvaziar o ataque do Sporting de ideias e criatividade, e o conforto que a equipa havia mostrado nos minutos iniciais gorou-se nos instantes antes do intervalo, onde Wendel e Neto viram cartões amarelos por protestos pouco compreensíveis e que revelavam escassez de tranquilidade.

Ainda assim, o Sporting não conseguiu recriar na segunda parte o bom arranque da primeira. A pressão do Sp. Braga intensificou-se com o passar dos minutos — num período que, a espaços, fazia lembrar o início da meia-final da Taça da Liga que os minhotos acabaram por vencer — e os leões não conseguiam construir com a bola controlada, optando quase sempre pelo pontapé na frente para sair de situações de maior aperto. Acuña e Ristovski recuaram quase de forma permanente e o Sporting passou a jogar praticamente com uma linha defensiva de cinco, com Rafael Camacho e Sporar totalmente isolados na frente. Do outro lado, o Sp. Braga ia reduzindo o espaço que permitia ao Sporting: Silas reagiu com a entrada de Vietto para o lugar de Acuña e Rúben Amorim respondeu ao lançar Trincão.

Vietto entrou para jogar numa espécie de posição ’10’, obrigando Eduardo e Wendel a recuar e Battaglia a descer para entre os centrais, com Borja a ficar responsável pela esquerda da defesa. A ideia de Silas era oferecer à equipa a ligação entre setores que havia faltado durante toda a primeira parte e o médio argentino fez isso mesmo, desequilibrando mais em cinco minutos do que Acuña havia feito durante uma hora e jogo. O Sporting, porém, não tinha posse de bola suficiente para construir verdadeiras oportunidades de golo: algo que o Sp. Braga fazia com relativa facilidade.

Os minhotos conseguiram inaugurar o marcador através de uma jogada rápida de transição, em que a bola circulou da direita para a esquerda sem ser intercetada pela defesa leonina e terminou num remate forte de Galeno — Neto tirou em cima da linha de baliza mas Trincão, na recarga, atirou para o primeiro golo do jogo (76′). Até ao final, Silas ainda lançou Jovane Cabral e Gonzalo Plata para procurar a explosão dos dois jogadores mas o Sporting já pouco conseguiu criar e acabou por perder na Pedreira, somando a quarta derrota em 2020 (duas contra o Sp. Braga, uma contra o Benfica e outra contra o FC Porto).

O Sp. Braga somou a oitava vitória consecutiva, voltou a vencer o Sporting, ultrapassou os leões na tabela e subiu ao terceiro lugar da Primeira Liga. Já a equipa de Silas, que caiu para o quarto lugar, perdeu novamente com o Sp. Braga e voltou a ser insuficiente face a um rival direto, não conseguiu abrir um obrigatório novo capítulo sem Bruno Fernandes. Luís Neto, com o corte ao remate de Galeno, pareceu virar a página na história dos leões — mas Trincão, com a recarga, deixou em stand by a nova janela temporal do percurso do clube. Depois de uma vitória pela margem mínima frente ao Marítimo que foi também o jogo em Alvalade com menos assistência desde que o novo estádio foi inaugurado, o Sporting voltou a perder, voltou a ficar pela metade, e não soube mostrar o que vai ser sem Bruno Fernandes. E ainda estamos em fevereiro.

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