A concessão do Coliseu, no Porto, foi aprovada esta manhã, após reunião do Conselho Municipal do Porto, com 13 votos a favor, nenhum voto contra e 11 abstenções.

O conselho consultivo da Câmara Municipal do Porto tinha em cima da mesa outras propostas, que englobavam a participação de entidades públicas para obtenção dos 8,5 milhões de euros estimados que as obras de requalificação do espaço cultural do Porto requerem. Com a aprovação da primeira proposta, as demais não chegaram a ser votadas.

À saída da “reunião extensa” e “com enorme participação”, na qual estiveram presentes 24 dos 40 membros, Miguel Pereira Leite, presidente da Assembleia Municipal do Porto, sublinhou o facto de o parecer ter sido “unânime, com 11 abstenções e nenhum voto contra”.

Segue-se a deliberação pela Associação Amigos do Coliseu, detentora da prestigiada casa de espetáculos do Porto e fundada em 1995 para evitar a venda do edifício à Igreja Universal do Reino de Deus.

“Com a urgência que o caso impõe, rapidamente vamos fazer uma Assembleia-geral da Associação dos Amigos do Coliseu, para que possa validar-se ou não este caminho”, considerou Alberto Amorim Pereira, que não faz parte do Conselho Municipal de Cultura, mas que foi convocado para a reunião por Rui Moreira.

O presidente da mesa da Assembleia Geral da Associação Amigos do Coliseu acrescentou ainda que “a hipótese alternativa, a recomendação para que pudessem existir entidades públicas a financiar, acabou por ser rechaçada logo ao início [da reunião].

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A Área Metropolitana do Porto “jamais fará investimentos neste sentido, porque requer a unanimidade dos 13 presidentes de câmara, que será impossível de obter”, considerou, depois de ouvido o presidente daquela entidade, mas também porque “da parte do governo, os fundos estruturais não estão disponíveis”, disse.

“Não há fundos e qualquer concurso teria de ser para as sobras e as sobras já têm muitos concorrentes, como por exemplo escolas e outros equipamentos”, explicou. “Também por aí foi explicado pelo presidente da Área Metropolitana do Porto que o caminho está fechado”.

No final de janeiro, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, anunciou uma proposta para que o Coliseu fosse concessionado, através de concurso público, por uma entidade privada que pudesse sustentar o valor das obras de requalificação, uma vez que a Associação Amigos do Coliseu, proprietária do espaço, não tem condições para o fazer e que não é possível recorrer a fundos comunitários.

Durante a Assembleia Municipal do Porto, esta segunda-feira, a concelhia municipal do PSD assegurou não existir “qualquer fundamento que impossibilite” a comparticipação das obras de restauro do Coliseu do Porto por fundos comunitários e atirou as responsabilidades para o Ministério da Cultura.

Presidente do Coliseu admite que a sala está a perder espetáculos

Paz Barroso reiterou na reunião a necessidade discussão desta solução numa assembleia geral da Associação Amigos do Coliseu.

Eduardo Paz Barroso, Presidente do Coliseu, admite que a casa já perdeu “espetáculos significativos” depois de anunciada a proposta de concessão, inclusivamente para outros espaços da cidade do Porto.

“O Coliseu e as salas em geral, as arenas, trabalham com datas. Os promotores, agentes e os próprios artistas têm de gerir essas datas com muitos meses de antecedência. Não se faz um grande concerto de um dia para o outro”, explicou Eduardo Paz Barroso à saída da reunião para a qual também convocado.

A comentar pela primeira vez publicamente a possibilidade de concessão do Coliseu, Paz Barroso fez saber necessidade de levar a proposta a assembleia geral da Associação Amigos do Coliseu, detentora do espaço, está a impedir a assinatura de contratos com artistas, agentes e promotores de espetáculo, “que negociaram datas para virem fazer os espetáculos ao Coliseu” até ao final do ano. Por essa razão, reitera que fez “um forte apelo” na reunião do conselho consultivo para a necessidade de desbloquear a situação.

Esta visão contrasta, no entanto, com a do presidente da mesa da Assembleia Geral da Associação Amigos do Coliseu, que diz não existir “nenhum constrangimento”.

“O sinal que foi dado hoje na reunião é muito claro: a vida continua e que ninguém se deve sentir oprimido ou paralisado na sua atividade pelo facto de termos esta perspetiva”, garante Alberto Amorim Pereira.

Com uma visão otimista, Alberto Amorim Pereira espera que o Coliseu tenha “uma atividade pujante” durante o próximo ano.

Eduardo Paz Barroso reiterou também aos jornalistas não ser a urgência de obras na sala “de hoje nem de ontem” e disse ter sido sempre coerente com essa urgência, até por altura da encomenda de um estudo para avaliar a requalificação do edifício, à equipa do professor Vasco Freitas, mas “uma coisa é a necessidade e outra coisa é um estado que inspire preocupações de maior e essas não existem”.