A Turquia matou 16 combatentes do regime sírio numa série de bombardeamentos na noite de quinta para sexta-feira a posições das forças do regime sírio, em represália à morte de 33 militares na região de Idlib. Decidiu ainda que não vai impedir que os refugiados sírios cruzem o seu território com a Europa em vista, declarou fonte da presidência turca.

Decidimos não impedir que os refugiados sírios consigam chegar à Europa por terra ou mar. Todos os refugiados, incluindo sírios, são bem vindos a atravessar até à União Europeia”, disse um oficial em declarações à Reuters.

A polícia turca, a guarda costeira e os oficiais de segurança nas fronteiras deixam assim de controlar os refugiados, acrescentou a autoridade turca à mesma agência.

Segundo o diretor de comunicação da presidência, Fahrettin Altun, em comunicado, “todas as posições conhecidas do regime [sírio] foram atacadas pelas nossas unidades terrestres e aéreas”.

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Esta resposta ocorre depois da morte dos militares turcos em ataques atribuídos por Ancara ao regime sírio na região de Idlib. “Os nossos valorosos soldados vão ser vingados”, declarou Altun. O responsável turco exortou a comunidade internacional, incluindo russos e iranianos, parceiros dos sírios, a “assumir as suas responsabilidades” para “fazer cessar os crimes contra a humanidade cometidos pelo regime”.

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, convocou na quinta-feira uma reunião extraordinária do conselho de segurança turco consagrada à situação em Idlib. As perdas pesadas sofridas esta sexta-feira pelas forças turcas ocorrem semanas depois de escalada em Idlib entre Ancara e o regime sírio, apoiado por Moscovo.

Com o apoio da aviação de Moscovo, Damasco desencadeou em dezembro uma ofensiva para recuperar o controlo deste último bastião controlado pelos opositores ao regime sírio. Tropas de Bashar al-Assad e russas têm intensificado a ofensiva nas últimas semanas e retomado várias localidades nesta província fronteiriça da Turquia.

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A ofensiva provocou tensões entre a Rússia e a Turquia, dois atores principais do conflito sírio que reforçaram a sua cooperação neste assunto desde 2016, apesar de divergências dos seus interesses. Nos últimos dias, Erdogan instou o regime sírio a retirar as suas tropas, até ao final de fevereiro, de algumas zonas na região de Idlib, ameaçando com o recurso à força.

A ofensiva do regime sírio está a provocar uma catástrofe humanitária, com cerca de um milhão de deslocados acantonados em uma estreita faixa de terreno na fronteira com a Turquia. O conflito na Síria já provocou mais de 380 mil mortos e milhões de refugiados e deslocados, desde 2011.