Há três meses, desde o final de 2019, que a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) não publica no seu site qualquer tipo de informação sobre a sinistralidade nas estradas portuguesas — nem dados sobre o número de mortes ou feridos graves, nem os totais mensais de acidentes registados, como era habitual. Mais: as estatísticas disponíveis sobre o ano passado baseiam-se ainda em número provisórios.

A denúncia foi feita ao Jornal de Notícias por várias organizações ligadas à segurança rodoviária que acusam a ANSR, sob a tutela do Ministério da Administração Interna, de ser pouco transparente e de prejudicar os cidadãos pelo caminho.  “Numa sociedade democrática, o dever de informação é fundamental, a opacidade só gera desconfiança”, diz Nuno Salpico, do Observatório de Segurança das Estradas e Cidades. “Se a ANSR não tem os dados, não consegue cumprir a sua missão. Mas se os tem e não divulga, fica prejudicada a avaliação crítica que a sociedade civil pode fazer a essa política pública e o auxílio que lhe pode dar”, reforça João Queiroz, da Associação Estrada Mais Segura.

Questionada pelo jornal, fonte oficial da ANSR explicou que está em processo de “reformulação da informação periódica” e garantiu que “assim que os dados de janeiro do corrente ano estejam compilados e analisados serão publicados”.

“É positivo que sejam divulgados dados com maior detalhe, até porque os que conhecemos agora são demasiado vagos, têm pouca utilidade. Mas é melhor ter dados vagos do que não ter informação alguma”, reage José Miguel Trigoso, da Prevenção Rodoviária Portuguesa. Que ainda assim mantém a preocupação, nomeadamente pela inexistência de informação relativa a 2019: “Como está a evoluir a sinistralidade dentro e fora das localidades? Entre os peões? Quais as estradas mais perigosas?”.

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