Rokia Traoré estava na sua vida normal, que passa muito pelas viagens que faz entre França, Bruxelas e o seu país natal. É guitarrista e cantora, um dos nomes maiores da música do Mali, que já conta com seis álbuns lançados. Ativista “afro progressista”, como se auto-intitula, usa a voz para pôr o mundo a olhar para África, para as desigualdades, para a emancipação feminina. Quis sempre construir uma identidade a partir do que lhe corre no sangue, misturando-a com a cultura ocidental. Só que o mundo nem sempre sabe reagir à mudança, muito menos quando ela lhe é apresentada por uma mulher. Uma outsider que se modernizou.
O mundo acabou por ouvi-la, pelo menos as Nações Unidas, já que em 2016 o Alto Comissariado desta instituição nomeou-a embaixadora da Boa Vontade para os refugiados. Mas a vida dita normal, parou. Rokia Traoré foi detida à chegada do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, no passado dia 11 de março. Na acusação, movida por um mandado de captura de um juiz belga, está a vontade das autoridades em extraditar a cantora, para que Traoré devolva a filha de cinco anos ao ex-parceiro, de nacionalidade belga. Está agora acusada de rapto e de manter a filha refém.
A intenção de Traoré seria, segundo conta o comunicado de imprensa, rumar a Bruxelas, depois já ter iniciado uma greve de fome, para apresentar um recurso contra a decisão do tribunal belga em deixar a custódia total da filha ao ex-parceiro.
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