Mais 6.180 casos e mais 757 mortes foram registadas em Espanha nas últimas 24 horas, números que representam um aumento face aos que tinham sido registados na véspera e que contrariam a tendência de descida de casos que se vinha a registar. É já o segundo dia consecutivo em que o número de mortes volta a subir face à véspera (mais 14), depois de ter estado a descer ao longo de alguns dias.

A ministra das Finanças espanhola, María Jesús Montero, anunciou que o prolongamento do estado de alarme até 26 de abril “é praticamente certo”, mas destacou que, a partir dessa data, os espanhóis deverão poder regressar à sua “vida normal”. “Será feito com diferentes cenários que ainda não antecipámos, porque queremos que sejam os técnicos a decidir”, explicou, citada pelo El Español. Montero garante, porém, que até lá serão dadas “instruções claras” à população.

O anúncio dos novos dados registados esta quarta-feira surgiu praticamente na mesma altura em que o país estava a ser elogiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em direto, num briefing diário, onde se destacavam os “sinais de decréscimo” do número de casos e de mortes, com base nos dados de há dois dias.

“Espanha tem mais casos do que Itália. No entanto, ao fim de 15/20 dias após a aplicação das medidas restritivas, o crescimento do número de casos parece ter abrandado e a taxa de novas mortes também está a dar sinais de decréscimo”, afirmou Hans Kluge, diretor da OMS na Europa.

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Bruce Aylward, conselheiro da direção da OMS, destacou a “rapidez impressionante” com que o vírus se espalhou em Espanha. “Entre 7 e 14 de março houve um aumento de praticamente 20% dos casos no país, o que nos mostra como o vírus se pode propagar”, relembrou. Mas elogiou o governo espanhol por ter tomado medidas como o lockdown e o controlo da população através dos dados móveis, o que terá ajudado a conter o vírus — caso contrário, “o sistema [de saúde] não teria sido capaz de aguentar”.

Aylward, que esteve recentemente em Espanha, relembrou também que a doença não afeta apenas os mais velhos: “Quando saí do país, 60% dos casos nos cuidados intensivos eram de pessoas com menos de 69 anos”. Por isso, “é errado pensar nesta doença como se fosse uma simples pneumonia”.

O conselheiro da OMS classificou o trabalho dos profissionais de saúde no país como “extraordinário” e alertou que “os sistemas de saúde podem ficar completamente comprometidos num espaço muito curto de tempo com esta doença”, algo que admite ter acontecido sobretudo em Madrid. “Em Espanha temos hospitais completamente transformados em hospitais só para tratar a Covid-19 e não queremos ver isso a acontecer em mais lado nenhum”, disse.