O Bloco de Esquerda vai reunir este sábado, através de videoconferência, a Mesa Nacional, para a habitual análise da situação política nacional. No topo da agenda, a direção bloquista vai propor a realização de um ciclo de conferências, online, ainda este mês, para pôr economistas, ativistas, especialistas e organizações a discutir a melhor forma de responder à crise sem austeridade.

“A adopção de medidas contracíclicas, que recusam austeridade e apostam no investimento e emprego, é o centro desta estratégia”, afirma fonte do BE ao Observador, dando conta de que esse vai ser o foco das conferências que a direção do Bloco pretende organizar no final de abril para delinear uma estratégia de resposta à crise que não ponha em causa os direitos dos trabalhadores.

Para os bloquistas, o que se segue quando a crise de saúde pública acalmar é uma “recessão” que exige “clareza de propostas e estratégia”.

Em primeiro lugar, no imediato, o Bloco de Esquerda defende que o Estado use os poderes extra que o estado de emergência lhe confere para proibir os despedimentos de uma vez, e para reintegrar os trabalhadores que já foram despedidos na sequência desta crise. Isto porque, “a retoma da economia dependerá, em grande medida, da manutenção da capacidade produtiva, do emprego e dos rendimentos do trabalho”, nota fonte da direção.

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Ou seja, à semelhança do que fizeram outros países, o BE insiste que o Governo deve ter mão pesada no que aos patrões diz respeito, para evitar despedimentos com a crise como pretexto. E deve fazê-lo nos próximos 15 dias, enquanto vigorar o estado de emergência, que confere ao Estado poderes que vão para lá dos poderes constitucionalmente atribuídos.

A ideia, defendem os bloquistas, é que, ao contrário da população em geral, que tem tido um comportamento cívico exemplar e fundamental para travar o avanço da pandemia, o mesmo não se pode dizer dos patrões “que aproveitaram a crise para impor o despedimento de precários”.

Para a direção bloquista, agora que se acredita estarmos a entrar no último estado de emergência nacional, e numa altura em que o Presidente da República e o Governo já arriscam um tímido regresso à (nova) normalidade no mês de maio, é tempo de discutir o caminho para uma resposta à crise económica que se segue, sendo certo que esse caminho deve ser feito sem austeridade. António Costa também já disse, em entrevista ao Observador, que não é pela via da austeridade que se deve responder à crise: “Todas as medidas de austeridade que viessem asfixiar, seriam contraproducentes nesta fase de relançamento”, disse.