O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde avisou esta quarta-feira, em conferência de imprensa, que o “risco de voltarmos ao confinamento é muito real” se os países não tiverem prudência nos processos de desconfinamento e de retoma das atividades sociais e económicas.

Para Tedros Adhanom, o risco existe “sobretudo se os países não conseguirem gerir com cuidado a transição e senão o fizerem por fases”, disse. Adhanom anunciou que já há mais de 3,5 milhões de casos de Covid-19 em todo o mundo, com as mortes a bater na barreira das 250 mil.

As regras de desconfinamento têm de ser claras:

  • só se avança se os contágios estiverem controlados;
  • se o sistema de saúde do país tiver capacidade de resposta para o caso de aumentar o número de doentes à medida que se levantam as restrições;
  • e se tiverem sido tomadas medidas preventivas nas escolas, nos locais de trabalho, bem como nos transportes públicos.

Outro dos alertas da OMS é que, antes de cada país dar luz verde para o desconfinamento, deve garantir que há uma gestão adequada dos possíveis casos importados, e também deve garantir que a opinião pública está bem informada sobre as medidas tomadas pelo Estado, e sobre o comportamento que se deve adotar.

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A chave está no equilíbrio. Segundo Tedros Adhanom, ao mesmo tempo que não se deve descartar que haja novas ondas do surto, também não se deve “ceder ao pânico”. A verdade está algures no meio: “devemos estar preparados, porque agora temos a oportunidade de fortalecer os sistemas de saúde”, disse. Ou seja, há uma janela temporal, entre uma onda e outra, para criar melhores condições de resposta.

“Se houve algo que aprendemos com esta crise foi que devemos investir agora para podermos salvar vidas depois”, disse o líder da OMS, sublinhando que “a história vai-nos julgar pela forma como respondemos à pandemia e que medidas tomámos”.

OMS quer nova missão à China para descobrir origem animal do vírus

A OMS quer organizar uma nova missão à China para descobrir a origem animal do novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19, afirmou esta quarta-feira uma responsável daquela agência das Nações Unidas.

A diretora do programa de doenças emergentes da OMS, Maria Van Kerkhove, afirmou esta quarta-feira numa conferência de imprensa em Genebra, que os técnicos da organização estão a discutir com os seus pares na China a realização de “uma missão futura, que teria um foco mais académico”.

O objetivo é “procurar a origem zoonótica do surto”, ou seja, descobrir qual foi o animal responsável pela passagem do novo coronavírus para humanos.

“A importância em termos de saúde pública é crítica, porque sem saber a origem animal, é difícil evitar que aconteça outra vez. É algo que acontece com todos os agentes patogénicos emergentes, a maior parte dos quais tem origem animal”, afirmou.

Numa futura missão, os peritos da OMS procurarão perceber que exposições a diferentes animais aconteceram para poder rastrear a origem do novo coronavírus.

“É algo em que estamos atualmente a trabalhar. Oferecemos [à China] o nosso apoio e temos vontade que aconteça”, referiu.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 257 mil mortos e infetou quase 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.089 pessoas das 26.182 confirmadas como infetadas, e há 2.076 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.