Atualmente, cada vez mais pessoas da comunidade LGBTI assumem a sua sexualidade, mas entre 2012 e 2019 pouco mudou, revelou o inquérito feito pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) e publicado esta quinta-feira. Portugal posiciona-se quase sempre em linha com a média europeia, sobressaindo pela positiva quando se fala em agressões físicas ou sexuais. Nos últimos cinco anos, foi o país com menos ataques motivados pela orientação sexual, com apenas 5% dos inquiridos a ser agredidos. Já nos últimos 12 meses, o valor subiu para 30% e Portugal passa a ocupar o 4º melhor lugar.

A discriminação ainda afeta muitas áreas da vida, como ir a um café, hospital ou loja”, pode ler-se no relatório, sendo que a percentagem de pessoas que se sentiram discriminadas aumentou 6% entre 2012 (37%) e 2019 (43%). Para pessoas transexuais, a situação é muito pior: em 2012, a percentagem chegava aos 43%, tendo piorado 17% em 2019.

Face a 2012, as pessoas tornaram-se mais abertas em relação à sua sexualidade. Em 2019, cerca de 52% das pessoas afirmaram que são sempre ou quase sempre abertas, um aumento de 16% face a 2012. No entanto, 61% admitem evitar sempre ou quase sempre dar as mãos em público por medo de agressão.

A perceção geral, no entanto, é a de que atualmente há mais tolerância, sendo que 40% afirmam existir menos preconceito em relação à comunidade LGBTI. O cenário altera-se quando os países são analisados individualmente, sendo que existem bastantes diferenças entre os níveis de aceitação em cada um.

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Em Portugal, 68% das pessoas “dizem que o preconceito e a intolerância LGBTI diminuíram nos últimos cinco anos”, havendo 8% de inquiridos a afirmar o contrário. Quase 40% das pessoas optam então por ser sempre ou quase sempre abertas em relação à sua sexualidade, um valor que desceu em relação a 2012 e está abaixo da média da União Europeia (UE), segundo os resultados. Apesar disso, 57% admitem evitar sempre ou quase sempre de mãos dadas com pessoas do mesmo sexo, um valor que se manteve semelhante face a 2012.

O inquérito revela ainda que a violência relacionada com o preconceito continua a existir, sendo que Portugal pode ser considerado um exemplo positivo em relação aos últimos cinco anos. Por outro lado, em países como a Polónia e a Roménia, 15% das pessoas admitiram ter sofrido algum tipo de agressão nos últimos cinco anos.

Já as denúncias continuam a ser poucas, com apenas 14% das pessoas em Portugal e na UE a alertarem a polícia.

O estudo divulgado pela FRA esta quinta-feira, o mais amplo desde sempre, é referente ao ano de 2019 e envolveu 139.799 pessoas da UE, 4.294 das quais de Portugal. O último inquérito deste género foi feito em 2012.