Pelo menos 100 ativistas e líderes sociais foram assassinados na Colômbia em 2020, informou este domingo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), que denunciou a morte violenta de um sociólogo ocorrida no sábado na região de Cali.

A denúncia do assassinato de Jorge Enrique Oramas foi emitida por um responsável local do partido Aliança Verde, ao referir que o crime ocorreu na casa da vítima na zona rural de Villacermelo, arredores da cidade de Cali (sudoeste do país), e exigindo à polícia uma “ágil investigação”. Oramas, 70 anos, era conhecido pelo seu combate contra a mineração ilegal nos filões de Cali.

A polícia de Cali disse que o líder social e professor vivia há oito anos numa quinta, o local onde foi assassinado a tiro. A Indepaz assinalou que Oramas é o 25º líder social assassinado desde que foi iniciada a quarentena decretada pelo Governo em 25 de março para combater o coronavírus.

Em 8 de maio, Carlos Ruiz Massieu, representante especial do secretário-geral da ONU na Colômbia, advertiu que um dos maiores desafios que enfrenta o acordo de paz com a extinta guerrilha das FARC durante a pandemia da covid-19 consiste na violência que atinge inúmeras regiões do país. Em paralelo, diversas organizações também têm alertado que o aumento de crimes contra defensores de direitos humanos se relaciona com as múltiplas ameaças de morte que lhes foram emitidas em 2019.

“No ano passado as ameaças aumentaram muitíssimo (…). A teoria que temos é que quando num período se ameaçam muito os líderes, no período seguinte começam a aumentar os assassinatos”, explicou em abril à agência noticiosa Efe Sirley Muñoz, coordenadora do Sistema de informação do Programa Somos Defensores, uma ONG de direitos humanos.

Em 24 de abril, o gabinete das Nações Unidas para os direitos humanos também referiu que pelo menos 19 ativistas de direitos humanos e líderes sociais foram assassinados na Colômbia em 2020, e que estavam a investigar outras possíveis 34 mortes de ativistas. O gabinete da ONU também registou um aumento das perseguições e ameaças contra agricultores, povos indígenas e afrodescendentes na província de Cauca (sudoeste) e uma intensificação dos incidentes entre grupos armados e forças de segurança.

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