O ciclone Amphan, o mais poderoso que se formou na Baía de Bengala no século XXI, já provocou a morte de pelo menos 84 pessoas na Índia e no Bangladesh, segundo dados oficiais hoje anunciados.
Na região indiana de Bengala Ocidental “morreram 72 pessoas, incluindo 15 em Calcutá” disse Mamata Barnerjee, chefe do governo do Estado de Bengala, o mais afetado pela passagem do ciclone, afirmando nunca ter visto “um desastre desta magnitude”.
“Quase 99% do North 24 Parganas [distrito do sul de Bengala Ocidental] foram destruídos. Os danos são piores que os causados pelo coronavírus”, afirmou.
O diretor da Força Nacional de Resposta a Desastres da Índia, Randeep Kumar Rana, confirmou que, naquele distrito, “não há eletricidade, muitas linhas e postes foram perdidos e as telecomunicações não foram restauradas”.
Uma avaliação inicial das autoridades indianas indicou que pelo menos 10 pessoas morreram em acidentes causados pela passagem do ciclone e quatro distritos costeiros foram fortemente afetados.
O aeroporto de Calcutá, capital de Bengala, ficou parcialmente inundado e várias instalações foram completamente destruídas.
O comandante-adjunto da Força Nacional de Resposta a Desastres em Bengala, Kumar Ravi, garantiu que as suas equipas de resgate estão a procurar minimizar o impacto da pandemia com distribuição maciça de máscaras e desinfetantes para mãos.
O ciclone, que atingiu a costa leste da Índia e o sudoeste do Bangladesh, obrigou ainda à deslocação de três milhões de pessoas, segundo adiantaram as autoridades, que também relataram graves danos devido a inundações e ventos.
O ciclone atingiu as margens da Baía de Bengala com rajadas de até 185 km/h na tarde de quarta-feira, tendo devastado várias áreas do leste da Índia, destruindo casas, instalações elétricas e veículos, e deixando milhares de famílias desabrigadas num momento já crítico devido à crise desencadeada pela pandemia da Covid-19.
This is from my terrace this morning. Trees on both sides of the road all over. People now taking photos in horror. We haven’t ever seen things like this before in Kolkata. #CycloneAmphan pic.twitter.com/IcYReBounw
— Boria Majumdar (@BoriaMajumdar) May 21, 2020
O ciclone atingiu terra firme. O ‘olho’ está sobre a ilha de Sagar”, localizada no estuário do rio Hoogly, a cerca de 100 quilómetros a sul de Calcutá, disse o diretor do centro meteorológico regional, Sanjib Banerjee.
Chuvas torrenciais e ventos fortes estão a devastar Calcutá, arrancando árvores, causando inundações e cortando as telecomunicações. Grande parte da capital do estado indiano de Bengala Ocidental está mergulhada na escuridão, tendo a eletricidade sido cortada preventivamente pelos fornecedores para evitar acidentes.
@drmousumi ‘s family in Calcutta sent this video of the cyclone. Calcutta has lost electricity in many parts of the city and I cannot even imagine where the people in not so sheltered places have taken cover during a pandemic. 2020 need some respite. #AmphanSuperCyclone pic.twitter.com/aSS32lRvYW
— Dr. Amrita Ghosh (@MsBiryani) May 20, 2020
O ciclone também atingiu com violência o sudoeste do Bangladesh, onde pelo menos 12 pessoas morreram em oito distritos, a maioria devido ao colapso das casas e à queda de árvores, disse esta quinta-feira um porta-voz do centro de Operações de Emergência de Saúde do Bangladesh, Ayesha Akter.
Entre os mortos, conta-se um voluntário da organização não governamental Crescente Vermelho, que se afogou quando o barco onde estava se virou devido ao vento.
Estamos a viver uma situação difícil aqui. Não há eletricidade desde o início do ciclone e as estradas estão bloqueadas pela queda de árvores”, disse um polícia da cidade de Jessore, no sudoeste do país.
Cerca de 15 milhões de pessoas ficam sem energia, acrescentou o general Moin Uiddin, presidente do Conselho de Eletricidade Rural do Bangladesh, garantindo que estão em curso os trabalhos para retomar o serviço.
Segundo o Departamento de Meteorologia da Índia, a tempestade ciclónica Amphan espalhou-se durante a madrugada por Bangladesh, acabando por enfraquecer e passar a “profunda depressão nas últimas três horas”.
A Baía de Bengala é alvo frequente da passagem de ciclones, geralmente entre abril e maio e entre outubro e novembro, embora as novas tecnologias de prevenção tenham ajudado a Índia e o Bangladesh a diminuir muito as vítimas dessas catástrofes.
O Amphan foi classificado na segunda-feira como de categoria 4 (em 5) na escala Saffir-Simpson, com ventos entre 200 e 240 quilómetros por hora, e é o ciclone mais poderoso a formar-se no golfo de Bengala desde 1999. Naquele ano, um ciclone matou dez mil pessoas em Odisha.