A Pluris Investments, do empresário Mário Ferreira, reduziu a sua posição na Cofina abaixo dos 2% e anunciou esta segunda-feira a intenção de “alienar todas as participações que ainda detém à data” na dona do Correio da Manhã.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a Cofina refere que recebeu esta segunda-feira da Pluris Investments, de Mário Ferreira, que também é acionista da Media Capital, “uma notificação” informando que a empresa “deixou de deter uma participação qualificada no capital social” da dona do Correio da Manhã.

De acordo com a informação disponibilizada, entre 22 e 24 de julho, a Pluris Investments alienou 150.000 ações da Cofina – em 22 de julho foram alienadas 15.000 ações, no dia 23 de julho 34.000, e em 24 de julho 101.000.

Na sequência das supra descritas operações de alienação, a participação da Pluris Investments SA na Cofina, que lhe é imputável, foi reduzida abaixo do limiar de 2% do respetivo capital social e direitos de voto”, refere a empresa de Mário Ferreira.

“Mais se informa da sua intenção de alienar todas as participações que ainda detém à data no capital social da Cofina”, conclui a Pluris Investments.

De acordo com informação disponibilizada no ‘site’ da Cofina na sexta-feira, anteriormente o empresário, dono da Douro Azul, tinha uma participação de 2,07%, onde era referido que 2.125.200 ações eram “imputáveis a Mário Nuno dos Santos Ferreira (75.200 a título pessoal e 2.050.000 detidas pela sociedade Pluris Investments”.

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O empresário é também acionista do jornal online ECO e da Media Capital, dona da TVI.

Na sequência da desistência da Cofina na operação de compra da Media Capital, em março último, Mário Ferreira, que tinha sido desafiado a entrar no negócio pelo presidente da dona do Correio da Manhã, comprou 30,22% da Media Capital por 10,5 milhões de euros, em maio.

Em entrevista à Lusa, em 14 de maio, dia em que anunciou a entrada como acionista na dona da TVI, Mário Ferreira afirmou que iria manter os 2,5% – que detinha na altura – na Cofina.

Tenho que a manter porque estou a perder muito dinheiro, umas centenas de milhares de euros. No dia em que puder recuperar o dinheiro que lá tenho investido ‘ao par’ [equivalente], se isso for possível, já ficava satisfeito. Obviamente que não teria comprado se não tivesse sido desafiado para aquele negócio e pouco interesse tenho em mantê-la lá”, afirmou, há cerca de dois meses e meio.

Em 17 de julho, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) comunicou ao mercado que está a analisar as mudanças na estrutura acionista da TVI, no âmbito do artigo 72.º da Lei da Televisão e dos Serviços Audiovisuais a Pedido, que respeita à atividade ilegal de televisão.

Tendo tomado conhecimento de mudanças relevantes na estrutura da TVI, [o regulador dos media] está a avaliar o âmbito das mesmas e eventual configuração de nova posição”, sendo que “em análise, está a eventual alteração não autorizada de domínio, que envolve responsabilidade contraordenacional e pode dar origem à suspensão de licença ou responsabilidade criminal, tendo em conta o artigo 72.º da Lei da Televisão e dos Serviços Audiovisuais a Pedido”, referiu na altura a ERC.

Tendo em conta a “averiguação rigorosa a que vai proceder, a ERC não deixará de zelar pelo estrito cumprimento da lei e reposição da legalidade caso verifique que a mesma foi violada”, lê-se na nota do regulador.

Também a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) confirmou à Lusa que está a analisar a relação entre Prisa e Mário Ferreira e o impacto no controlo da Media Capital.